Ainda o ano mal começou e já vivemos três ótimas experiências enquanto espectadores de teatro nas salas que O Bando utiliza nas suas instalações do Vale dos Barris.
Nestes dois meses e pouco já aí vimos peças do Teatro de Montemuro (Lamego) e do Peripécia (Vila Real) a demonstrarem-nos que, em talento e imaginação, não se confirma a tese de Lisboa ser a capital e o resto mera paisagem.
Hoje tivemos o privilégio de assistir a uma peça que, há dez anos, integra o reportório regular da companhia de Palmela, sendo revisitada com regularidade devido aos pedidos do público: «O Grão de Bico».
Interpretada por Fátima Santos e Raul Atalaia, que são exímios na mímica impressiva, a história baseia-se no imaginário tradicional português tal qual foi recolhido por Leite de Vasconcelos e outros etnólogos. Explica-se assim a temática focalizada num mundo rural povoado de galinhas e de vacas, de lobos e de ladrões, e onde um casal de camponeses imagina como mudaria a sua vida se tivessem um filho, nem que fosse do tamanho de um grão de bico.
Alguns espectadores confessariam depois o quanto se tinham sentido devolvidos à inocência da infância ou a um clima de magia, que bem justificava o agradecimento sincero aos atores e ao técnico de sonoplastia e luminotecnia, pela hora inesquecível assim proporcionada. Não surpreende, pois, que para alguns fosse uma revisão da matéria dada, com promessa de repetirem mais vezes a vivência, tão só ela volte a ser disponibilizada.
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