quinta-feira, março 24, 2016

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: «O Gabinete do Dr. Caligari»de Robert Wiene (1919)

Numa festa de aldeia por volta de 1830 há uma barraca onde o Dr. Caligari exibe César que, segundo alega, é capaz de prever o futuro, quando sujeito a hipnose. Dois estudantes consultam-no e um deles recebe a notícia de que estará morto antes do nascer do dia.
Nessa noite ele é assassinado. E logo uma das amigas também desaparece...
Estamos perante o primeiro filme de terror da História do Cinema e, igualmente, o que lança o movimento expressionista.
Projetado pela primeira vez em 20 de fevereiro em Berlim já anuncia muitas das técnicas de imagem e dos dispositivos narrativos do cinema que se seguiriam.
Compõe-se de um prólogo com dois homens a olhar para um parque, logo seguido de um flash back, com seis atos e um epílogo, que tudo inverte de forma surpreendente.
Todos os temas do expressionismo alemão estão aqui representados: o hedonismo, o narcisismo, a opulência em contraste com a fratura social.
O fascínio e, ao mesmo tempo, a repulsa face à loucura constitui o tema central em torno do qual todos os outros se secundarizam.
Ao princípio era Fritz Lang quem deveria assegurar-se da rodagem, mas como estava ocupado noutro filme, limitou-se ao papel de conselheiro.
Os cenários também respeitam o movimento artístico dos autores  com as suas falsas perspetivas em oblíquo, os ângulos agudos, as proporções falseadas: tudo para que resulte numa atmosfera de caos e irrealidade, que incomoda.
Manifestamente, e depois dos sucessos de Griffith nos EUA, o cinema europeu dava mostras de grande maturação.

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