sábado, março 26, 2016

ARTES: O pintor e a atriz

Em 1933  o pintor Mário Eloy deixou a mulher e o filho na Alemanha e regressou a Portugal para viver uma paixão inflamadíssima com Beatriz Costa, com quem já namorara antes de demandar a boémia parisiense.
Embora ela estivesse nas filmagens de «A Canção de Lisboa» evaporou-se de Lisboa para desespero do realizador Cottinelli Telmo, que mandou procura-la por tudo quanto era sítio em Lisboa e arredores. Quando alguém associou esse desaparecimento ao do pintor recém-chegado a Lisboa, compreendeu-se o que se passara.
Dias depois o par regressou a Lisboa e soube-se que estivera em Madrid onde Eloy estivera a pintar uma enorme tela com o retrato da atriz. Mas, que resolvera estilhaçar em mil pedaços.
O arrebatamento ficou-se por aí, mas Beatriz Costa nunca deixaria de nele reconhecer um dos homens mais brilhantes e talentosos que conhecera, ajudando-o em diversas ocasiões futuras, quando ele não tinha dinheiro sequer para comprar telas ou tintas.
Tendo em conta a vocação de retratista de Eloy podemo-nos interrogar se a obra por ele destruída não seria uma das mais significativas de quantas dele conhecemos. Mas também é pertinente questionarmo-nos se «A Fuga», por ele criada cinco anos depois, e dentro de uma trilogia composta igualmente por «Amor» e «O Poeta» não terá algo da memória desse instante em que a felicidade não pôde ser concretizar-se devido aos demónios, que a doença em breve faria revelar de dentro de si. 

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