Vemos, ouvimos, lemos e experimentamos. Tanto quanto possível pensamos pela nossa própria cabeça...
sábado, janeiro 07, 2012
Documentário: PALAWAN, O IMPÉRIO DAS PÉROLAS de Therese Engels (2010)
sexta-feira, janeiro 06, 2012
Documentário: Pescadores do Rio Negro de Carmen Butta (2001)
48 (Portugal, 2009). Susana de Sousa Dias.
A notícia é de hoje e vem das lonjuras chilenas: o governo de direita de Piñera decidiu impor uma alteração aos manuais escolares, que deixarão de falar de «ditadura» a respeito dos anos de Pinochet em La Moneda, substituindo esse termo por «regime militar».
Tal eufemismo mostra como a luta antifascista não pode refrear o ânimo, porque os defensores de políticas autoritárias estão sempre prontos a avançarem para cobrir o espaço libertado pelos que se acomodem ao mero exercício das liberdades fundamentais.
Um filme como «48» de Susana Sousa Dias tem a importância de manter vivo o sinistro tempo de repressão sobre quem apostasse em pensar pela sua própria cabeça e não cedesse aos chavões salazarentos.
A realizadora foi aos arquivos da Pide buscar as imagens captadas pelos fotógrafos da organização no momento da detenção ou da libertação e colocou-as à apreciação dos respectivos ex-presos políticos, que as comentam em voz off e aproveitam para revelar as circunstâncias inerentes a essa experiência.
Trinta e cinco anos depois estes testemunhos ainda têm a relevância de constituírem um poderoso libelo contra um regime com ainda tantos saudosistas a ele conotados. E por isso vale sempre a pena neles nos determos…
quinta-feira, janeiro 05, 2012
Black Cat, White Cat (Crna macka, beli macor) (1998) - Trailer
O rio agita-se com a chegada dos russos, que vêm alimentar o mercado negro. Mas Matko, que passa o tempo a jogar poker consigo mesmo, é enganado na compra de um barril de combustível, afinal cheio de água. Para dar a volta à vida socorre-se do tio Grga, que o sabe trapaceiro, mas se sente em dívida para com o pai dele, que lhe terá salvo a vida por duas vezes, uma em Génova e outra em Nápoles. Consegue assim um oportuno empréstimo, para o objectivo de desviar um comboio de combustível entre a Jugoslávia e a Turquia com a ajuda de Dadan, um mafioso toxicodependente, que adora a música tecno. Mas este decide trapacear o cúmplice, ficando com o comboio e com o dinheiro de Matko, sem que este se aperceba do logro em que caiu. Para piorar as coisas ele acede ao pedido de Dadan, que pretende fazer desposar a filha mais nova, a anã Bubamara com o seu Zare também ele chegado a idade casadoira, invocando para tal a compensação por quanto perdera com o negócio.
O problema é a propensão de Zare por Ida, uma bela rapariga também a viver nas margens do Danúbio. Resta ao rapaz a ajuda do avô, que finge morrer para impedir a cerimónia.
Mas Dadan não se prende com tais escrúpulos e obriga Matko a esconder o corpo do pai no celeiro para que o casamento acabe por ser celebrado.
Mas, tão só o padre inicia a cerimónia, e já a noiva foge com a ajuda de Zare e de Ida. É na sua fuga que ela encontra o gigante Grga Veliki, neto do velho padrinho e imediatamente se enamora. É então a vez do velho Grga cobrar a Dadan uma antiga dívida, que ele pagará com Bubamara.
Tudo se normaliza com a comunidade a preparar-se para a celebração de dois casamentos - o de Zare com Ida e o de Veliki com Bubamara. Mas é então que o velho Grga é acometido de um ataque cardíaco. Para que as núpcias taõ esperadas não sejam anuladas, Dadan leva o corpo de Grga para o celeiro para junto do seu velho amigo Zarije.
Algumas horas depois dos dois velhos ressuscitam como que por magia e os casamentos são enfim consumados.
Em 1998, após a realização de Underground Emir Kusturica recebeu a encomenda de um canal alemão para rodar um documentário sobre a música cigana. Quando se prepara para ir ao local da rodagem ouviu a história da morte de um avô em vésperas de um casamento e que terá sido soterrado em gelo para que a cerimónia decorresse. Outra inspiração para este filme terá sido a leitura de «Os Contos de Odessa» do russo Isaac Babel.
O projecto transforma-se, então, numa longa-metragem de ficção, que será este «Gato Preto, Gato Branco» para cuja concepção recorrerá ao argumentista Gordan Mihic com quem já trabalhara em «O Tempo dos Ciganos».