terça-feira, setembro 28, 2010

LOLA. Un film de Brillante Ma. Mendoza. Trailer VOSTF.

Filme: LOLA de Brillante Mendonza

Um dos filmes mais interessantes, actualmente em Lisboa, é «Lola» do realizador filipino Brillante Mendoza, que mostra como duas avós tudo fazem para cumprirem outras tantas missões a que se propuseram, mas para as quais necessitam de dinheiro.
Distinguidos em diversos festivais, os filmes do realizador cumprem a velha regra de ninguém conseguir ser profeta na sua terra. Por razões, que ele próprio explica: o público filipino não está preparado para os meus filmes. (…) o que eles procuram no cinema é entretenimento, glamour, vestidos bonitos. Não querem a realidade, preferem o que está fora dela. Uma vida bonita que não têm. Enquanto cineasta, sinto que as minhas responsabilidades passam por aqui: mostrar que a realidade está aqui e quês esta é a nossa vida…

Trailer #1 Filme do Desassossego

FILME DO DESASSOSSEGO de João Botelho

No próximo sábado será a apresentação do «Filme do Desassossego» no CCB.
Reservados os bilhetes é significativa a expectativa perante o universo de um escritor que vivia vendo a vida e vivendo as vidas dos outros sem nelas participar, como se o vidro em que se via, mais não fosse do que a tela aonde se apresentasse um qualquer filme…
João Botelho regressa assim às idiossincrasias pessoanas…

segunda-feira, setembro 27, 2010

Kinshasa Symphony Trailer

KINSHASA SYMPHONY

Espantosa a realidade trazida aos ecrãs europeus pelo filme «Kinshasa Symphony», por esta altura em exibição na Alemanha e em França.
Os realizadores alemães dedicaram-se a abordar o entusiasmo de um conjunto de congoleses apostado em interpretar reportório clássico, apesar do pouco entusiasmo local por esse tipo de música e ainda imperar um clima latente de guerra civil á sua volta.
Única orquestra sinfónica da África Central, a do filme não se intimida com as dificuldades e leva por diante uma interpretação entusiástica da Nona de Beethoven…

quarta-feira, setembro 22, 2010

Filme: LEPTIS MAGNA: UN RÊVE DE ROME EN AFRIQUE

de Baudoin Koenig e Fulvia ALberti (2010, 52 min).
Na costa líbia ficam as ruínas desta antiga cidade romana. Que era grande, rica e insolente. A outra Roma em África construída na época de ouro do Mediterrâneo. Quando reinava Séptimo Severo, um filho da cidade chegado a imperador.
Há setenta anos Mussolini organiza grandes expedições arqueológicas na zona porque precisava de legitimar a ocupação da região sob o argumento de ter pertencido aos antepassados romanos no passado.
Tendo participado nessas expedições Antonino de Vita, apesar de octogenário, continua a perscrutar os segredos escondidos debaixo da Terra.
A história de Leptis Magna começa há mais de três mil anos quando, com a destruição de Cartago, se torna num dos principais portos mediterrânicos. A época em que Séptimo Severo cobre a cidade de mármore vindo da Grécia e do Egipto.
Um dos primeiros anfiteatros do Imério Romano é aí construído e destinado a espectáculos oferecidos ao povo com objectivos de propaganda dos homens políticos da região.
Hoje, dois terços da cidade antiga ainda estão soterrados na areia. Mas o que já está  à vista basta para aí testemunhar a passagem da escrita púnica para a latina.
A cidade chegara a contar com quarenta mil habitantes, que viviam num clima muito agradável e em segurança, já que, muito raramente, aí chegaram os efeitos das guerras.
Mas a decadência da cidade ocorre quando o assoreamento do porto já não pode ser resolvido: Leptis Magna está falida e sem meios para manter a sua estrutura.
A conquista da cidade pelos berberes vai fazer cair Leptis Magna no esquecimento, tanto mais que as novas religiões dominantes não serão complacentes com o que terá sido a Las Vegas da Antiguidade.
A prioridade das pesquisas arqueológicas actuais visam garantir que a cidade de Leptis Magna sobreviva aos efeitos da modernidade nas suas pedras. Seja pelo vandalismo, seja pelos efeitos conjugados dos elementos...

Concerto no CCB: ORQUESTRA METROPOLITANA DE LISBOA: À DESCOBERTA DA AMÉRICA

Uma terça-feira até nem pareceria o dia mais indicado para organizar um concerto no CCB, mas o público que encheu a 2/3 a sala do Grande Auditório terá dado por bem empregue o esforço de ali se dirigir. De facto, sendo raro um programa dedicado à música latino-americana, este que Cesário Costa dirigiu foi eloquente quanto à demonstração da qualidade dos seus compositores.
Para começar houve Silvestre Revueltas numa suite, que conhecemos na interpretação da Orquestra Juvenil Simão Bolivar dirigida por Dudamel. Faltando á orquestra algo do ritmo dos intérpretes venezuelanos, não se pode deixar de constatar a competência com que foi tecnicamente executada.
Antes do intervalo houve a oportunidade para apreciar devidamente a qualidade dos intérpretes da Orquestra. As Variações Concertantes do argentino Alberto Ginastera dá ensejo de expressão a cada instrumento antes de todos se interligarem num final grandiloquente.
Na segunda parte houve Villa Lobos. A Sinfonieta nº 1 não será das que melhor projecta o espectador para cenários e ruídos amazónicos, mas trata-se de uma peça riquíssima em três andamentos, que  é demonstrativa da genialidade do compositor das Bachianas.
E, a concluir, o México exuberante de José Pablo Moncayo com o tema «Huapango». Sobretudo os sopros remetem para o lado mais festivo de um país fascinantes, a que não falta o seu lirismo em forma de sons de harpa.
Com um público muito mais atinado do que o do concerto inaugural da temporada, o CCB pode oferecer um belíssimo espectáculo, que fica na memória como um dos melhores de quantos conhecemos na Metropolitana...

domingo, setembro 12, 2010

Concerto: ORQUESTRA DE CÃMARA PORTUGUESA, «EM NOME DE MOZART

Não terá sido propriamente uma desilusão, mas depois de um início de temporada 2009/2010 como a organizada então pelo CCB, esperava-se mais do concerto de inauguração da desta.
Não é que a Orquestra de Câmara Portuguesa não seja competente apesar da extrema juventude da maioria dos seus instrumentistas. E que Pedro Carneiro não seja, de entre os maestros portugueses, um dos mais interessantes de seguir na sua direcção das obras programadas. Nem tão pouco que as duas solistas  - Elina Vahäla no seu Stradivarius e Diemut Poppen na viola - não revelassem um assinalável virtuosismo na interpretação da Sinfonia Concertante K364. Ou que a selecção de temas mozartianos não desdenhasse dos melhores programas possíveis.
O que esteve em causa foi a expectativa do que viria a seguir aos fabulosos Arpeggiata de Christina Pluhar. E tudo o que viesse a seguir seria visto em comparação com esse patamar de excelência.
Quando vejo a Sinfonia dos Brinquedos confesso ficar sempre na dúvida se a grande música deverá assumir estratégias burlescas para encontrar públicos mais alargados. E desta feita essa dúvida voltou a repetir-se. Tanto mais que o público, bastante heterogéneo, esteve longe de criar uma verdadeira empatia com o desempenho da orquestra ora batendo palmas entre andamentos, ora sonegando-as na devida proporção, quando era efectivamente tempo de as bater.
Foi, pois, uma inauguração algo pífia, que se espera dê arranque a uma temporada memorável, recheada de bons concertos.
Ontem soube a pouco. Até porque até falharam os costumados chocolatinhos com que costumamos ser mimados na saída...

O Nascimento de uma Orquestra - (Part 4 of 4)

O Nascimento de uma Orquestra - (Part 3 of 4)

O Nascimento de uma Orquestra - (Part 2 of 4)

O Nascimento de uma Orquestra - (Part 1 of 4)

Buddha - Who Destroyed Buddha?

Livro: ALEXANDRA LUCAS COELHO, «CADERNOS AFEGÃOS» (4)

É quase no final da sua estadia no Afeganistão, que Alexandra Lucas Coelho visita Bamyan para ver os nichos aonde estavam alojados os Budas gigantescos destruídos por ordem do mullah Omar. Símbolo maior da estupidez de uma ideologia política, que nada respeita, esse fundamentalismo religioso está de volta à região depois de anos em que pareceria dela extirpado.
Por isso mesmo os arqueólogos pararam com as buscas de um outro Buda, que as lendas dizem existir soterrado e ali concebido na posição de deitado.
Depois de visto o exemplo recente de uma destruição tão absurda, esses arqueólogos preferem esperar por melhor conjuntura sob pena de sujeitarem os novos achados à mesma forma de vandalismo.
Regressada de uma aventura de quase um mês, Alexandra traduz nos seus cadernos o testemunho de uma forma de civilização, que reduz a zero os direitos das mulheres e assenta a sua força no analfabetismo como forma de privar quem ali vive das ferramentas educacionais que tudo levaria a pôr em causa.
Lamentável sempre esse papel nocivo do Ocidente, quando tratou de armar e financiar os terroristas islâmicos para que combatessem o exército soviético…

domingo, setembro 05, 2010

Filme: JULIAN JARROLD, «RED RIDING: 1974»

Eddie Dunford acaba de regressar ao seu Yorkshire natal para assistir ao funeral do pai, um conceituado alfaiate local. E assume funções de jornalista no Post, publicação regional de alguma relevância, aonde fica incumbida de redigir as crónicas criminais.
O caso, que começa por acompanhar é o de uma miúda de dez anos desaparecida a caminho da escola. Mas depressa constata, que Clare Kemplay é a mais recente de crianças desaparecidas desde 1969 na mesma zona.
Os ciganos são o alvo imediato da polícia, que trata de assaltar e incendiar o seu acampamento. Evento oportuno, porquanto um conhecido promotor imobiliário, John Dawson, planeia construir aí um empreendimento.
É no estaleiro desse empreiteiro, que o corpo da pequena Clare é encontrado, mas a curiosidade de Eddie é objecto de conselhos de cautela por parte do seu colega Barry, para quem existem Esquadrões da Morte a actuar na região.
Quando contacta com Paula Garland, a mãe de outra miúda desaparecida anos atrás, Eddie torna-se seu amante, apesar de depressa descobri-la, igualmente, ligada sentimentalmente ao mesmo John Dawson.
A história vai ficando mais complexa com a morte «acidental» de Barry (falha de travões no seu carro) e os alertas dementes de Marjorie Dawson, que fala de mulheres enterradas no relvado. E Eddie começa a ser alvo de agressões violentas de agentes a soldo de Bill Molloy, o chefe da polícia, que é, igualmente, sócio nos negócios de Dawson.
Numa vertigem de violência Eddie acaba por matar este mafioso, que sabe ser o assassino das crianças, mesmo sem o conseguir provar. E, vencedor da sua guerra, oferece-se como mártir ao sacrifício local.
Primeiro de uma série televisiva com três episódios, o filme de Jarrold é confuso e inconsequente, muito embora dele sobre a denúncia de como é fácil concertarem-se contra os cidadãos os interesses de cúpidas organizações sociais...

Filme: EMMANUELLE NOBÉCOURT, «CAPRI»

Nápoles é uma cidade suja e pobre, mas, mesmo em frente, a cerca de uma hora de barco, fica Capri, desde a Antiguidade considerada como um canto do paraíso destinado a classes endinheiradas.
Tibério, imperador romano, instalou-se aí e organizou memoráveis orgias. Essa ideia de liberdade sexual atravessou os séculos e manteve-se nos anos 60 do século XX, quando aí aportavam celebridades da aristocracia, actores de Hollywood, artistas plásticos e outros milionários.
Em Capri estava-lhes prometido um certo recato, sem deixarem de ser vistos e fotografados pelos recém glosados (por Fellini) paparazzi.
Gino Rizzi era um dos playboys mais conhecidos, que dançava com namoradas de ocasião ao som das canções melosas de Peppino di Capri.
Na maravilhosa vivenda de Curzio Malaparte, Godard roda o maravilhoso «O Desprezo», segundo o romance de Moravia.
Mas a moda depressa acaba, quando fluxos incessantes de turistas aí acorrem para verem essas celebridades. Que se passam a escapara para Portofino ou Saint Tropez…

Livro: OS CÃES DE RIGA (4) de Henning Mankell


Poderá vir a ser ressuscitado o ideal comunista? Ou será que se trata de algo de irrepetível numa sociedade em que ele se pretendeu implementar e aonde só se traduziu em corrupção e em privação de liberdades fundamentais?
A pergunta surge na conversa entre Wallander e Baiba Liepa, a viúva do major letão, que acompanhara o investigador de Ystad na clarificação dos assassínios de dois homens aparecidos numa balsa encalhada numa praia sueca, e também ele assassinado tão só chegado a Riga.
Aquilo que Wallander vai observando na capital letã logo após a queda do muro de Berlim é uma sociedade em que todos, incluindo ele próprio, são vigiados e aonde políticos, polícias e mafiosos se concertam para a preservação do statu quo.
Contactando com autoridades em quem não confia e com a oposição clandestina demasiado fragilizada, Wallander passa os dias a interrogar-se porque é que uns e outros o quiseram ali atrair. Ele que se sente um modesto polícia de uma pequena cidade sueca...

Livro: FORTALEZA DIGITAL (1) de Dan Brown

Uma máquina poderosíssima decifra todas as mensagens electrónicas à escala global para detectar quaisquer ameaças à nação americana.
Susan Fletcher, uma das principais decifradoras da NSA é a protagonista e conhecemo-la, quando estava a preparar-se para um fim de semana romântico com o noivo David Becker.
Quem irá estragar tão prometedores planos é Strathmore, o responsável por esse projecto TRANSLTR, que ao verificar o perigo de um algoritmo capaz de tornar obsoleta toda a parafernália tecnológica, chama Susan ao serviço e manda David a Espanha a fim de resgatar os objectos pertencentes ao criador dessa ameaça, o japonês Enko Tankada, falecido subitamente em Sevilha.
A prioridade de Susan será identificar o cúmplice de Tankada, que é conhecido pela sua alcunha cibernética: North Dakota.
Depois de «Código Da Vinci», Dan Brown aborda um tema bastante actual: como está assegurada a privacidade das nossas comunicações electrónicas quando a prevenção antiterrorista serve de álibi para pôr de lado quaisquer escrúpulos a respeito dos direitos individuais?

quinta-feira, setembro 02, 2010

Filme: «O Tio Boonmee» de Apichatpong Weerasethakul



Estreia-se hoje em França o filme de Apichatpong Weearasethekul, que se sagrou como o grande vencedor do mais recente festival de Cannes.
Não sendo um grande apreciador do cinema deste realizador tailandês não deixo de reconhecer nele um tipo de criador, que surpreende pela sua originalidade.  Muito embora detenhamos escassas referências para conseguir compreender tudo quanto a tela mostra.
Nascido nas florestas do norte da Tailândia, Apichapgong conviveu, desde a infância, com os seus estalidos, sombras e sopros, que remetem para a existência de fantasmas. Algo em que os tailandeses muito acreditam e que surgem profusamente nos filmes do autor.
Isso mesmo acontece em «O Tio Boonmee, aquele que se recorda das suas vidas interiores», título consonante com o projecto de levar o espectador a uma deriva interior equivalente à visita de outros mundos.