quarta-feira, março 30, 2016

ESTÓRIAS DA HISTÓRIA: O fim do Império Otomano, II - De derrota em derrota!

Em 1888 a chegada do Oriente Expresso a Istambul cria condições para uma maior influência dos valores e modas europeias na nova burguesia turca em formação. E porque muitas empresas europeias têm as suas sucursais na capital do Bósforo, as respetivas nações passaram a não ter grande interesse em pôr em causa a estabilidade do império Otomano até porque, desde 1881, possuíam localmente um consórcio para verificar se a riqueza produzida era canalizada para o pagamento da enorme divida. Tratava-se de uma espécie de equipa de técnicos da troika da época apostados em dar prioridade aos interesses dos credores em detrimento da população. O que suscita naturalmente um enorme ressentimento.
Essa cordialidade cessa no final do século XIX, quando as pretensões imperialistas das grandes potências leva-as a apossarem-se dos territórios com menos capacidade de porem em causa a sua colonização. É assim que a França apossa-se da Argélia e da Tunísia enquanto a Grã-Bretanha toma conta do Egito e de Chipre. De fora ficou a Alemanha do Kaiser Guilherme II, que se apressa a visitar Istambul para declarar o apoio, e até mesmo a proteção, ao Império decadente.
Abdul Hamid II sente então que deverá concentrar os esforços militares na preservação de um núcleo duro do território por si dominado e que integrava a Albânia, o Curdistão e a própria Turquia. E pretendendo assumir-se como o grande líder do islão consegue inaugurar em 1900 uma ligação ferroviária entre Istambul e Meca, que facilitará a viagem de todos os crentes à sua cidade santa.
Os problemas não tardam a surgir na Anatólia Oriental com os arménios a reivindicarem a sua independência. Esmagada em sangue no prenúncio do que ocorrerá em 1915, essa revolta leva o sultão a defender a legitimidade de massacrar toda uma população se tal vier a revelar-se necessário para manter a unidade do que resta do seu Império.
A opinião pública europeia indigna-se com a dimensão do morticínio, mas nada faz para defender as populações supostamente protegidas pelo Tratado de Berlim.
À Arménia sucedem-se novos problemas nos Balcãs, onde os gregos ambicionam anexar a Macedónia, mas são contrariados pelos Búlgaros, igualmente interessados em expandirem-se nessa direção. Aproveitando a fraqueza do soberano, os Jovens Turcos exigem o cumprimento da Constituição, que Abdul Hamid II tornara letra morta. Mas a suposta igualdade de deveres e direitos por todos os povos otomanos já não convencerá os mais destemidos a exigirem ser donos de si mesmos. A Albânia liberta-se e a Líbia é anexada pelos italianos. Mesmo com um novo sultão o Império perde outra das suas jóias: Salónica, que era a sua capital nos Balcãs.
O fim da presença otomana nessa Península  equivale a uma guerra brutal em que centenas de milhares de pessoas, sobretudo muçulmanas, são desalojadas para escaparem à limpeza étnica aí implementada.
Em 1913 um novo tratado redefine as novas fronteiras do que resta do antigo Império, que caminha aceleradamente para o seu estertor.

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