Durante dois anos a antropóloga Eliane de Latour acompanhou as Go Girls, nome dado às prostitutas adolescentes de Abidjan na Costa do Marfim.
No passado ela realizara um documentário para a web sobre algumas das vizinhas, que habitam no seu prédio parisiense, escrevera um romance sobre a personagem histórica de Malik Ambar e uma longa metragem rodada em 2000, «Bronx-Barbés». Já então situava o filme em Abidjan, que superou aí o número de espectadores do «Titanic», permitindo-lhe ganhar uma legitimidade junto da população para com ela conviver sem desconfianças.
A partir de 2009 publicou muitas fotografias com jovens muçulmanas conhecidas como as «go», que abandonaram as respetivas famílias para serem objeto de uma incontornável exclusão social e moral, com algumas delas a terem um historial de entrada na prostituição, quando tinham apenas dez ou onze anos.
Graças à exposição de tais imagens em Paris conseguiu juntar donativos num total de 10 mil euros e voltar à grande metrópole africana para montar um grande projeto social: a «Casa das Go». As jovens passaram, assim, a ter um teto e um professor que, todas as manhãs, as começou a alfabetizar, iniciando-se assim um projeto destinado a emancipa-las.
Foi com uma pequena câmara, que Eliane começou a recolher imagens do quotidiano íntimo dessas nómadas urbanas, enquanto se maquilhavam, cantavam, rezavam, dormiam ou amavam. Em suma, sobreviviam. É o resultado da montagem de tais momentos, que se estreia hoje nas salas parisienses.
Quase sem comentários, o filme suscita uma participação ativa dos espectadores, que se sentem como que dentro dos próprios cenários onde a ação se passa.
Testemunha-se, assim, a progressiva conquista do orgulho nessas jovens provenientes dos estratos mais pobres da população e que, até então, eram marginalizadas por as considerarem desonradas.
Hoje algumas já conseguiram libertar-se do estigma do gueto em que pareciam aprisionadas…
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