domingo, janeiro 27, 2008

Uma parábola e a manipulação da opinião pública

Numa daquelas revistas publicitárias, que os jornais costumam trazer como brinde e que, amiúde, vão directamente para o lixo, sem sequer serem folheadas, encontro dois artigos de um tal Pedro Mota, que merecem aqui referência.
Num deles fala-se da Índia e recorda-se como a cosmogonia hindu - segundo a qual todo o universo terá resultado da oscilação produzida por um pau empunhado pelo deus Brama na calma superfície de um oceano de leite - tem estranhas similitudes com a teoria do Big Bang, para se contar depois uma lenda assaz interessante quanto à cultura desse verdadeiro subcontinente. Conta-se que a um reino mogul, aonde reinava a paz e a prosperidade, chegou uma vez um afluxo de refugiados vindos do mar a fugirem de um genocídio nas terras persas donde provinham.
Pedindo para serem aceites naquele reino, viram o seu comandante receber do rajá uma mensagem óbvia: um copo cheio de leite a transbordar. O significado era que aquela terra já estava demasiado povoada não podendo receber mais ninguém.
Da mesma forma simbólica foi a resposta desse comandante: pôs açúcar no leite e deixou-o dissolver-se.
Quando o rajá recebeu aquele copo de leite adoçado percebeu a mensagem e franqueou a entrada aos recém-chegados: é que eles prometiam dissolver-se na população do reino e torná-la mais doce…
No outro artigo merecedor de referência o autor recorda como à censura política, pura e dura, das ditaduras, está a suceder agora uma verdadeira censura económica sobre a comunicação social: centralizada em grandes grupos da comunicação, os media têm de expressar o que for do interesse dos seus proprietários.
Qualquer jornalista, que atravesse a fronteira do aceitável segundo esses padrões acabará obviamente despedido.
O resultado é uma manipulação sistemática da opinião pública, que se deixa condicionar por conceitos e teorias em última análise prejudiciais aos seus interesses.
E, com particular sentido de oportunidade - tendo em conta a queda do Governo Prodi e a ameaça do regresso do tenebroso Berlusconi - diz ele: «Veja-se o caso da Itália, em que um país moderno e desenvolvido caiu na malha mais grosseira da manipulação de massas, fruto da campanha bem orquestrada de um grande grupo detentor de inúmros agentes de comunicação social. Conseguindo catapultar para os píncaros do poder alguém de quem mal de conheciam as ideias, fruto de um fenómeno de marketing populista sem precedentes.»

Uma jogadora de xadrez

Bertina Henrichs é uma escritora e realizadora alemã, há muitos anos a viver em França, que aí publicou um livro deveras interessante: «A Jogadora de Xadrez».
Em 150 páginas temos a história de uma mulher, Eleni, que aos 42 anos descobre uma imensa paixão pelo xadrez quando, no seu ofício de criada de quartos do Hotel Dyonisos, deixa cair uma peça ao chão de um jogo interrompido a meio por turistas franceses e desconhece aonde a deverá posicionar no tabuleiro.
A história passa-se em Naxos, uma das mais remotas ilhas das Cíclades gregas, num ambiente muito conservador, de que Eleni jamais descobrira os limites à sua afirmação pessoal: nessas quatro décadas de vida ela acostumara-se a uma rotina de dona de casa e de empregada de hotel a contas com os mesmos vinte quartos de sempre, as quarenta camas, os oitenta lençóis …
Será o velho Professor Kouros quem se apresta a ensinar-lhe a ciência desse jogo, que a vai obcecar a tal ponto, que põe em risco o seu casamento com o marido, Panis, um garagista, às tantas a preferir ver-se alvo de infidelidade dela do que dos efeitos daquela quase demência.
A localização da história na Grécia não se explica, apenas pela adesão da autora a esse país Mediterrânico comum a muitos outros autores alemães : é inevitável pensar na tendência dos deuses do Olimpo para se divertirem às custas dos seus súbditos terrenos!
Eleni irá libertar-se e, ao mesmo tempo, transformar o pequeno mundo concentracionário, que a rodeia. No seu paulatino esforço há algo de subversivo!
E, mesmo nas piores alturas, quando se confronta com a desaprovação generalizada dos que a rodeiam, Eleni não desiste por saber que a rainha, única peça feminina no tabuleiro, é a que no jogo tem todos os poderes…
É que nas 64 peças desse tabuleiro cabe todo o mundo e todas as suas intrigas…

segunda-feira, janeiro 21, 2008

A MORTE FICA-VOS TÃO BEM

É um filme, que quase esqueci, passados uns bons quinze anos desde que o vi. E decerto sem o sentido, que hoje leio ser o pretendido pelo realizador Robert Zemeckis: uma crítica incisiva à obsessão de Hollywood com as aparências.
Recordo os excelentes efeitos especiais, que são imagem de marca do realizador, com Meryl Streep e Goldie Hawn a conhecerem alterações grotescas dos respectivos corpos como consequência da rivalidade, que as anima uma contra a outra. O que se compreende tendo em conta o péssimo hábito daquela em roubar todos os namorados da segunda. Que acaba internada no manicómio.
O filme passou agora na ARTE, mas dobrado em francês o que afasta qualquer boa intenção em revê-lo. Mas em próxima oportunidade valerá a pena comprovar se ele é mais do que a comédia competente, que supus ser na tal primeira abordagem.

A obra de Goran Bregovic

Já ficou aqui inscrito a minha enorme admiração pela obra musical de Goran Bregovic e da sua Orquestra.
Agora irei aqui partilhar alguns dos seus clips disponíveis no You Tube...

quarta-feira, janeiro 16, 2008

TORNAR-SE MULHER

Este tem sido um mês em que se tem evocado a personalidade de Simone de Beauvoir, já que ela teria feito cem anos no passado dia 9.
É claro que se falou da sua relação aberta com Jean Paul Sartre, do seu amor pelo norte-americano Nelson Algren a quem escreveu mais de trezentas cartas ou do seu militantismo em prol das colónias francesas desejosas de se tornarem independentes (Argélia, Indochina). Mas o que mais se recordou foi a sua célebre frase: «uma mulher não nasce mulher, torna-se nisso», que simboliza o seu livro de análise da condição feminina, «O Segundo Sexo».
Publicado em 1949, esse título começou por escandalizar a partir do momento em que surgiram alguns capítulos na revista «Les Temps Modernes». Pornográfico, classificaram-no alguns, abjecto diria dele François Mauriac.
E, no entanto, ele logo se converteria num enorme sucesso editorial e no livro de cabeceira de milhares de mulheres um pouco por todo o mundo.
Hoje poucos duvidam da importância dos factores históricos, sociológicos e antropológicos na formação da feminilidade. Para o bem e para o mal…

segunda-feira, janeiro 14, 2008

O TEATRO COMO UMA OBRA EM ABERTO

No interessantíssimo texto de Tiago Bartolomeu Costa intitulado «O teatro como Obra em aberto» desenvolvem-se algumas pistas para uma melhor compreensão da peça do Teatro Praga.
Há, para começar, o conceito de «responsabilidade máxima do espectador», que é convidado a sair do seu papel passivo para assumir uma relação directa e interdependente com o espectáculo em si. Que não se resume ao texto: este, em vez de polarizar a atenção, deverá contribuir para a disseminação do foco de atenção do espectador para os diversos estímulos em presença paralela.
Será do caos em que parecerá perder-se de forma labiríntica, que ele deverá procurar a chamada «verdade original».
«O limite do teatro não reside no reconhecimento imediato da proposta e menos ainda na satisfação dos envolvidos. Reside, sim, num constante questionamento sobre a validade do que se faz».
A companhia teatral assume plenamente o seu conflito programático entre o que é o verdadeiro e o falso. Para tal não hesita em utilizar qualquer material como potencialmente objecto do seu tratamento dramaturgico. Desde que possibilite o exercício de vanguarda, que consiste sempre em contestar uma burguesia com Poder, mas cada vez mais retrógrada…

domingo, janeiro 13, 2008

«O AVARENTO» pelo TEATRO PRAGA

O primeiro contacto com o Teatro Praga teve a característica fundamental, que um espectáculo deve apresentar: a capacidade de se mostrar diferente do que, comummente, se faz nos dias de hoje.
Se pretendemos combater a letargia, com que as rotinas nos procuram contagiar, é bom encontrar obras capazes de nos impressionarem, de nos comoverem ou de nos chocarem.
Com «O Avarento ou a Última Festa», o grupo de Pedro Penim, Cláudia Jardim, Paula Diogo e Marcello Urgeghe consegue seduzir-nos com a desconstrução do texto do Molière e mostrando como esta é uma época de grandes impasses ideológicos. De facto está em causa a substituição de uma forma estereotipada do Poder, personificada em Arpagão, o Forreta, que tudo pretende decidir sobre quem vive à sua volta.
Mas o curioso é como nada de bom sobrevém do derrube de tal Poder. Os filhos, que ocupam o seu espaço, e se apossam dos seus recursos, acabam por não encontrar forma alternativa de os utilizar, dissipando-os sem critério nem ordem.
A peça, que resulta muito do trabalho do grupo em torno da adaptação da autoria do José Maria Vieira Mendes, acaba por ser extremamente metafórica em relação ao tempo presente. É que, dispersos entre muitas imagens, que lhes são bombardeadas (num ecrã sucedem-se cenas de cinema catástrofe, no lado oposto o de vistas aéreas de monumentos e do interior de museus) os jovens de hoje não se conseguem focalizar em objectivos bem definidos.
O Amor poderia representar uma via possível, mas não tende a sexualização excessiva das relações humanas a impossibilitá-lo?
Mas não é só na casa de Arpagão, que se assiste ao derrube do Poder paternal: numa oficina os operários revoltam-se e tomam conta do negócio, mas assustam-se com o resultado dessa decisão e, ora afundam-se em depressões, ora em incapacidades para manter a funcionar a estrutura produtiva.
Se as educações modernas comprovaram a sua ineficácia, não preparando as novas gerações para substituírem eficazmente os mais velhos, também a classe operária ficou distante do seu prometido paraíso.
A conclusão ideológica a que se chega acaba por se revelar bastante ambígua. Embora, numa lógica marxista-leninista, se comprove a necessidade de uma força orientadora (o partido) para evitar as derivas de um percurso tendencialmente libertário.
Mas a peça não se esgota no seu eixo temático: para além de um desempenho exemplar de todo o elenco (e Romeu Runa, no papel de Cleanto, é de facto, uma revelação!) a cenografia revela-se flexível e muito adequada ao que se passará entre os seus múltiplos adereços. Com relevante contributo de tudo quanto se conota com o imaginário contemporâneo: os ecrãs, a piscina ou o automóvel…

sábado, janeiro 12, 2008

FERDINAND HODLER: UM ARTISTA A REDESCOBRIR

É um artista praticamente desconhecido, mas cuja exposição no Museu d’Orsay terá ajudado a evocar.
Nascido em 1853, e falecido sessenta e cinco anos depois, Ferdinand Hodler tudo ousou apesar das incompreensões, que enfrentou.
Na Suiça, seu país natal, foi considerado o paladino do feio e do vulgar. Por exemplo no quadro «La Nuit» (1889-1890) em que se representa a si próprio deitado e nu no meio da tela a ser atacado por uma estranha figura de negro sentada em cima dele, enquanto a mulher e a amante estão nuas e adormecidas.
O escândalo foi tal, que mereceu a proibição taxativa do presidente da câmara de Genebra.
Em 1892, «Comunhão com o infinito» mostra uma mulher nua em estranha pose face a uma paisagem, que ele reduz a uma banda de três cores.
O escândalo volta a ser intenso com o quadro «L’Amor» (1907) em que mostra um casal em pose sexual explicita.
Hodler ia ao essencial e ao substancial, fazendo de tudo um estilo próprio: os corpos são sinuosos, a terra e a água mostram-se em linhas paralelas e as cores equilibram-se entre si.
Quando o seu tema é paisagístico, o pintor insere-se na própria natureza: monta o cavalete à beira das falésias e ao longo dos regatos e estuda o que vê do ponto de vista geológico ou meteorológico.
Quando é retrato é impressionante a sua densidade: é citado a imagem de Valentine, a amante que lhe morrera de cancro no Inverno de 1914.
Por tudo isso valerá a pena determo-nos um pouco na obra deste artista.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

«FUR»: À DESCOBERTA DE DIANE AIRBUS

Bem pôde a família de Diane Airbus, nomeadamente a filha Doon, condicionar a divulgação da sua obra desde que ela se suicidou em 1971.
Bem procurou obstar à publicação da biografia não autorizada de Patrícia Bosworth, que fora seu modelo nos anos 60, ou à produção do filme de Steven Shainberg, que o traduziu em linguagem cinematográfica. («Fur, um retrato imaginário de Diane Airbus»).
Apesar de todas essas dificuldades, a obra da fotojornalista do «Esquire», do «The New York Times» ou do «Harper’s Bazaar», que se interessava, sobretudo, por pessoas à margem da sociedade ou pessoas comuns em poses enigmáticas, veio assombrar-nos através desse filme estranho, que mistura realidade e imaginário, e que constitui uma espécie de janela para a sua personalidade contraditória.
E não poderia haver, de facto, maior oposição entre a dona de casa e mãe de família, que conhecemos no início do filme e a fotógrafa audaz, que não hesita em se despir para fotografar os frequentadores de um campo de nudistas.
«Para mim o sujeito de uma fotografia é sempre mais importante que a própria fotografia. E mais complicado», dizia.
Por isso usava sempre uma Rolleyflex de dupla objectiva, que lhe garantia melhor resolução e o visor à altura do fotografado para dele se aproximar mais eficazmente.
É evidente que importa pouco se houve ou não um Lionel Sweeney na sua vida. Esse vizinho, acometido de estranha doença que o faz esconder o rosto invadido de cabelos de crescimento ultra-rápido por detrás de uma máscara e que a estimula a deixar de ser a mera ajudante do marido - ele próprio fotógrafo de moda - para assumir uma carreira própria, acaba por catalizar em si todos os estímulos, que a terão levado a abdicar do conforto da sua condição burguesa para se tornar na divulgadora de uma outra realidade.
Porque acabou por ingerir dose significativa de barbitúricos e cortado os pulsos, quando tinha 48 anos, que essa mudança esteve longe de sossegar as suas inquietações. Mas essa é outra história, que não coube no objecto do filme: nele houve o despertar para uma outra forma de encarar a fotografia. O que ela terá suscitado na sua personalidade fica por descortinar noutra possível abordagem…

segunda-feira, janeiro 07, 2008

O LIBERTINO FOI-SE EMBORA

Na morte de Luiz Pacheco houve a oportunidade para ver um excelente documentário sobre o escritor, que fez da sua vida exactamente o que quis fazer. Contra si e contra todos.
Para trás ficou uma infância privilegiada na casa paterna, oriunda de uma certa aristocracia rural. Depois veio esse percurso de miséria, com mulheres sempre muito jovens por cujos ventres ia semeando filhos, que ia deixando ao deus dará.
O seu carácter irascível ia semeando inimigos entre os escritores da sua geração, tendo o Urbano Tavares Rodrigues como o de eleição.
Aos amigos ia tabelando de acordo com o dinheiro, que lhe iam dando. Amigos de dez, de vinte, de cinquenta (escudos), até um de quinhentos, que era o milionário Vinhas.
Em Braga, terra de arcebispos e do Estado Novo, entretém-se a engatar magalas em tempo de Guerra Colonial.
O mais grave terá sido o que fez padecer a um dos filhos em particular, aquele que fez questão de ter consigo nas suas vicissitudes. Hoje, chefe de gabinete na Câmara de Palmela esse homem interrompe a ironia sarcástica com que vai contando as histórias do progenitor e, com a tristeza de quem lembra o seu sofrimento passado recorda ter esgotado todas as suas lágrimas aos sete anos.
É que isto de ser irreverente, contra todas as regras sociais tem um preço muito pesado. E muitas vezes até nem são os próprios a padecer as maiores consequências.

domingo, janeiro 06, 2008

O BOM PASTOR

A SOLIDÃO DE UM HOMEM CINZENTO

Porque terei gostado tanto de um filme, que aborda a história de uma organização merecedora da minha mais emotiva antipatia (a CIA)?
Primeiro que tudo, porque mostra, sobretudo, como uma adesão acrítica e assumidamente apolítica a uma organização tende a perverter o que de mais genuíno existe dentro de uma pessoa.
Se o protagonista Edward Wilson cultiva uma relação afectiva com uma jovem colega pensando até em desposá-la, logo um peculiar sentido do dever se imiscui e é com a irmã de um colega a quem provavelmente engravidara durante uma festa, que será a eleita para levar ao altar.
Terá estado nesse momento crucial da sua vida a definição de um padrão de comportamento futuro, que sempre prejudicará quem com ele convive: ao professor, que nele exaltara o gosto pela poesia, não hesita em denunciá-lo ao FBI como germanófilo e depois em colaborar no seu assassinato, quando as suas opções sexuais parecem representar um risco para a espionagem aliada durante a 2ª Guerra Mundial. A Margaret, que com ele casara, nunca conseguirá sequer facultar-lhe uma aparência de amor, quanto mais de simples afecto. A Laura, a surda a quem amara e voltará a dar a ilusão de uma paixão, reitera essa sua secundarização perante os valores mais altos da sua carreira. E até ao filho não hesitará em lhe matar a noiva por nela ver uma espia a soldo do inimigo.
Tratando-se, pois, de um filme sobre a CIA é, sobretudo a história de um homem cinzento, que comanda a história da sombra sem mostrar resquícios de escrúpulos.
E a embalagem em que o excelente argumento de Eric Roth vem embalado mostra como Robert de Niro se revela um verdadeiro mestre, acabando por se lamentar que a sua filmografia seja tão parca em títulos.

terça-feira, janeiro 01, 2008

O NIILISMO DOS PUNK E DOS PÓS-PUNK

Cheguei à condição de cinquentenário, e por isso mesmo teria tido todas as condições para viver na plenitude o fenómeno punk, e até mesmo o pós-punk.
No entanto, a sua estética muito própria, nunca me conseguiu seduzir. Se nas palavras de um dos proprietários da Factory, Tony Wilson, a expressão, que definiria os punks seria o «vai-te foder!», nunca considerei ser essa a melhor forma de tratar os que de mim discordam. Assim como nunca me considerei «fodido» se essa, no dizer do mesmo especialista, era a expressão definidora de um sentimento pós-punk.
Quer uma, quer outra expressão conotam esses movimentos com uma forma de niilismo, que a nada conduz.
Quando vejo filmes ou leio sobre quem personificou esses movimentos é fácil concluir que, na maioria, todos levaram as suas vidas a becos sem saída ou, a havê-la, a assumir a forma de suicício.
Ian Curtis, o líder dos Joy Division, escolheu de facto essa saída, aos 23 anos, quando uma iminente tournée pelos EUA, parecia ser o ponto de viragem de uma já improvável carreira musical, e o definitivo adeus à sua detestada Macclesfield.
De acordo com Anton Corbijn, que realizou o biopic «Control» ele estaria sobrecarregado com a possibilidade de pôr em causa o futuro da banda, com os seus frequentes ataques de epilepsia em pleno palco. Daí tomar tantas drogas, que lhe facilitariam a decisão de, de tudo, desistir. Seria essa a forma de se libertar das suas intermináveis depressões ou de não se conseguir decidir entre a mulher, que personificava todo o subúrbio de Manchester donde provinha e a amante belga, que lhe prometia abrir portas, que ele desconfiava ser capaz de franquear...

2007 Gustavo Dudamel

Uma Orquestra exemplar

Para os críticos do Presidente Hugo Chavez pouco dirá o nome deste chefe de orquestra - GUSTAVO DUDAMEL. Mas ele, com a juventude dos seus 26 anos, e com a enorme competência de quem é um talento notável na sua arte, espelha o que de melhor existe na Venezuela de hoje: a Orquestra Juvenil Simon Bolivar, que leva a grande música aos habitantes mais pobres de Caracas, fazendo-os viver momentos de intensa alegria, de pura magia...