domingo, janeiro 28, 2007

O USUFRUTO DAS COISAS SIMPLES

Se algo desaproveitamos de muito belo é o rio, que banha Lisboa. Numa entrevista em que o Raul Solnado se gaba de poder dedicar-se agora a só o que lhe dá prazer, o passeio ao longo das margens do Tejo é um dos mais enfatizados.
Compreende-se até pela explicação dada pelo conhecido actor: «Este rio provoca uma impressão de liberdade muitíssimo grande e propicia outros voos ao pensamento.»
Sempre foi assim, mesmo no tempo da ditadura: através dos barcos, que deixavam Lisboa, existiam muitas terras por descobrir e nelas fazer valer os sonhos e as ambições de realização pessoal.
Mesmo nessas horas de tenebrosa opressão o rio era belo com essa profusão de navios nele ancorados, muitos deles com grinaldas de luzes e bandeiras a darem-lhe promessas de futuras alegrias.
Passear hoje à beira Tejo poderá representar uma forma de fazer balanços de vida. Não são as águas do rio uma metáfora dos percursos de vida, que vamos realizando?
À medida, que vamos avançando em anos, cresce essa tendência para o usufruto das coisas simples, mas perenes...