Porque vivi a experiência de costear toda a Patagónia, em vez de nela me adentrar, nunca tive o privilégio de conhecer a experiência única que Luís Sepúlveda conta no livro: “A estepe patagónia é um convite ao silêncio das vozes humanas, porque a poderosa voz do vento está sempre a dizer de onde vem e, carregado de odores, conta tudo o que viu.” (pág. 129)
A concluir a viagem feita a meias com o amigo fotógrafo, o escritor chileno ainda narra a generosa hospitalidade dos gaúchos em dia de marcação das suas reses ou a chegada aos confins da Terra do Fogo, a um nenhures onde quase morrera ao cavalgar por um terreno minado ainda do tempo da guerra das Malvinas e onde um vetusto cinema recordava a época heroica em que um pioneiro da sétima arte ali andara a filmar os usos e costumes da região. Infelizmente imagens perdidas ou espalhadas um pouco por todo o mundo e testemunhos únicos de tribos índias entretanto extintas.
Essa terra chamada Porvenir evoca-me um dos sítios de nome mais estranho de quantos por onde passei: uma pequena aldeia canadiana do lado atlântico chamada Came by Chance.
Porvir ou Chegados por Acaso, eis designações que, por si mesmas, são um autêntico programa...
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