segunda-feira, dezembro 08, 2014

COSMOS: Espelhos em vez de lentes

Os telescópios atuais conseguem tais distâncias do Universo que permitem descobertas inimagináveis para Galileu. Tanto mais que as imagens, que ele conseguia descortinar estavam longe de ser nítidas.
No século XVI as lunetas astronómicas passaram por uma notável evolução, atingindo cinco a seis metros de comprimento, mas continuavam a apenas possibilitar imagens turvas devido à forma da sua lente. A curvatura então praticada fazia com que a luz se refratasse num espectro largo onde a nitidez se perdia.
A solução estava em recorrer a lentes mais finas e com menor curvatura. Os astrónomos do século XVII irão utilizar lentes mais finas e com o seu ponto focal ainda mais distante. Cada vez mais compridas já conseguiam ampliações da ordem das 50 vezes. Mas isso implicava lunetas com mais de 46 metros de comprimento sem que houvesse grandes melhorias de limpidez.
Vive-se na época uma autêntica corrida entre os astrónomos, ansiosos por conseguirem ver até cada vez mais longe.
Em 1668, um dos maiores génios da História das Ciências decide procurar a resolução para os problemas de falta de maneabilidade das lunetas do seu tempo.
Isaac Newton começa por estudar a luz e descobre-a constituída por várias cores. Ao fazer passar uma luz branca por um prisma, ela desvia-se ou refrata-se, dividindo-se num espectro constituído por todas as cores do arco-íris. Ora as lentes criavam um efeito semelhante, pelo que decidiu abandonar as lunetas dotadas desses componentes que suscitavam os fenómenos de refração.
A sua decisão foi a de criar um telescópio que recorresse a espelhos e não a lentes. Com um espelho côncavo ele irá ter resultados à medida do que desejava: se com as lentes a luz atravessava-as, no caso dos espelhos isso não sucedia, evitando o efeito de arco-íris.
Newton constrói então um pequeno telescópio, com apenas 15 centímetros de comprimento. Fabrica um espelho concavo com apenas 4 centímetros de diâmetro e insere-o dentro de um tubo onde a luz penetra para incidir naquele, refletindo-o num outro espelho liso antes de se dirigir para o óculo.
Esse pequeno telescópio consegue dar uma imagem de uma qualidade correspondente à dos anteriores com um metro de comprimento.
Com essa invenção, Newton inventou a solução para superar o efeito que prejudicava as observações astronómicas desde os tempos de Galileu.
Os telescópios atuais observam os céus a partir de observatórios situados na Terra ou no espaço. Graças a eles o cosmos aparece-nos numa versão cada vez mais distante. E captamos raios de luz, que iniciaram a sua viagem espacial há muitos milhões de anos.
A sua qualidade de imagem propicia-nos fotografias, que nos fascinam e intrigam. E todos esses telescópios recorrem a espelhos com formas otimizadas. A sua construção comporta uma grande competência tecnológica a nível da precisão, só conseguida em laboratórios altamente especializados, como um que existe no subsolo do deserto do Arizona. E onde existe a ambição de conseguir ainda melhores equipamentos ... 

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