domingo, dezembro 07, 2014

COSMOS: O que Galileu não conseguiu ver!

A tese de Galileu, negando a condição central da Terra na representação do Universo, constituiu uma revolução por contrariar o dogma bíblico relativo à Criação.  Ele depreendera como se organizava o sistema solar de acordo com o que hoje sabemos e intuiu um universo constituído por planetas em rotação relativamente a uma estrela e alguns satélites a imitarem-nos em seu torno.
Mas os telescópios atuais conseguem descortinar pormenores inacessíveis a Galileu mesmo no respeitante ao nosso Sistema Solar. Como, por exemplo, as tempestades de matéria incandescente, que agitam a superfície do Sol. Ou a enorme mancha na superfície de Júpiter, que corresponde a uma tão imensa tempestade, que seria capaz de engolir de uma vez três planetas como a Terra.
Em Io, satélite de Júpiter, existe um vulcão capaz de projetar lava a muitos quilómetros de altura. Em Marte existe um canyon cinco vezes mais profundo do que o dos EUA e um vulcão cinco vezes mais elevado do que o Evereste. Na atmosfera de Vénus as nuvens de ácido sulfúrico ocultam-nos as suas montanhas. E, na periferia mais distante do Sol existem planetas mais pequenos constituídos de rochas e de gelos.
Ainda assim há planetas que resistem-se a desvendar mesmo perante os telescópios mais avançados, como é o caso de Saturno com os seus singulares anéis. Galileu já se apercebera de que se tratava de um planeta diferente dos demais, porque parecia ostentar umas orelhas.
Seria outro astrónomo - Giovanni Cassini - a compreender que, em vez de um anel plano em torno do planeta, estávamos perante uma infinidade de anéis concêntricos.
A missão Cassini, lançada pela NASA em outubro de 1997 teve por objetivo esclarecer a natureza e a composição desses anéis depois de uma viagem de 3 mil milhões de quilómetros.
Sete anos depois a Cassini enviou para a Terra as fotografias impressionantes, que demonstram a natureza desses anéis: pedaços de rocha cobertos de gelo e areias, provenientes das superfícies dos satélites de Saturno depois de fustigadas por meteoritos.
Mas o anel exterior resistia a essa interpretação revelando-se diferente de todos os outros, parecendo uma espécie de nevoeiro espectral constituído de partículas minúsculas.
Poderia tal nevoeiro provir de Encelade, um satélite coberto de gelos? Ninguém até então fora capaz de compreender como tal poderá ter sucedido…
Mas a sonda Cassini conseguiu descobrir algo de desconhecido em Encelade: a projeção de jatos de vapor, sinónimo de erupções vulcânicas no interior da sua superfície congelada.
Foi para procurarem confirmar a possibilidade de tais vapores estarem na origem do tal anel exterior de Saturno, que a sonda Cassini mergulhou neles. Gelo, sal e amoníaco foi a composição detetada e que correspondia de facto ao do anel exterior.
Tratou-se, pois, de uma descoberta da maior importância por dar resposta a um dos mais pertinentes enigmas do mundo astronómico dos últimos séculos. Algo que Galileu não conseguia sequer imaginar! 

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