O arquipélago do Hawaii é um paraíso para os astrónomos. O vulcão Mauna Kea abriga o maior telescópio existente no hemisfério norte e é dele que muitos cientistas dirigem o olhar para tão longe quanto possível no cosmos. Nomeadamente procurando respostas para os maiores enigmas do universo, relacionados com os buracos negros.
Mas há mais de mil e quinhentos anos os primeiros astrónomos hawaianos, os Na Pde Ho, “aqueles que fazem cantar as estrelas”, chegaram das ilhas Marquesas depois de uma viagem de mais de 4 mil quilómetros.
Sem bússola e sem compasso orientavam-se graças ao conhecimento dos “caminhos das estrelas” na abóbada celeste. A referência principal era Aitula, a Cruzeiro do Sul, mas também sabiam que as estrelas nasciam a leste e seguiam diariamente o mesmo percurso. Quando uma delas se punha no horizonte tomavam outra como guia e prosseguiam a viagem. Era aquilo a que chamavam “o canto das estrelas”, acreditando que elas falavam aos que as soubessem escutar.
De dia tomavam atenção a outros sinais da natureza: o nascer do sol indicava-lhes o leste e ao pôr-se o oeste. As ondas e o que elas arrastavam davam-lhes indicações sobre as correntes e se estavam perto de terra.
É no Mauna Kea, a “montanha branca” em polinésio, que astrónomos de todo o mundo observam os confins do universo, porque quase parece uma ilha por cima das nuvens. Na Terra não há local mais isolado no meio do oceano. As massas de ar estão estabilizadas podendo observar-se o céu com uma transparência única.
Essas condições excecionais tornaram-nas ideais para telescópios gigantes. As lentes gémeas Keck são dos mais potentes telescópios do mundo. Com um espelho de 10 metros de diâmetro permitem a observação de galáxias situadas a 12 mil milhões de anos-luz da Terra.
Ali perto, o CFHT faz quase figura de peça de museu: a lente de 3,6 metros de diâmetro só permite alcançar os objetos celestes situados a 7 milhões de anos-luz. Mas permite estudar como se distribuem as galáxias no cosmos e como evolui o universo.
Observando durante centenas de horas os astrónomos descobriram um céu saturado de galáxias. Os números impressionam: estudando a sua posição os astrónomos procuram determinar a arquitetura do universo e como ele se formou há 13 mil milhões de anos.
Observa-se a estruturação do universo mediante os grupos de galáxias. As estrelas constituem delas a parcela luminosa. Por efeito da gravidade as galáxias atraem-se entre si e formam nebulosas, que se organizam segundo uma rede complexa, que lembra uma teia de aranha cósmica.
Mas do somatório de toda a matéria visível no cosmos concluiu-se que a força da gravidade não consegue explicar a arquitetura do universo. Falta matéria. A menos que exista uma matéria invisível, 400 vezes mais maciça do que a comum - a matéria escura.
Mas o que a constituirá? Decerto será bem diferente da nossa feita de átomos constituídos por eletrões, protões e neutrões. Invisível induz movimentos, que suscitam as observações intrigadas dos astrónomos, que apesar de as não conseguirem ver, as vão conseguindo localizar.
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