Passados quase quarenta anos sobre a estreia do primeiro episódio da saga «Star Wars» as duas trilogias faturaram 45 mil milhões de dólares a nível mundial e alimentaram o imaginário coletivo. As personagens atingiram a dimensão de mitos, que passaram a integrar a cultura popular.
Hoje há quem estude as aventuras de Annakin Skywalker e do filho Luke com a mesma seriedade com que cuidariam da «Ilíada» ou da «Odisseia».
George Lucas já arrumou as botas, mas parece que a guerra das estrelas esteja longe de terminada: a Walt Disney comprou os direitos para produzir em breve um sétimo episódio com que poderá iniciar-se uma nova trilogia.
É quase unânime a ideia de heterogeneidade na série. Mas pouco importa a sua valia artística: nenhuma outra mitologia cinematográfica teve tal longevidade e causou tanto impacto.
Porquê? Este tipo de fenómeno impõe-se de forma imprevisível. Lucas confessava-o há não muito tempo: “quando se estreou o primeiro ‘Star Wars’, não fazia ideia do que se seguiria. A astúcia está em dar a ideia de ter tudo planeado. Dê-se-lhe uma pitada da problemática pai/filho, acrescentem-se-lhe umas referências a outros mitos e aí está a saga pronta a servir!”
Mas a receita parece demasiado simplista para explicar tal sucesso. O documentário de Kevin Burns arrisca algumas explicações e análises com algumas cenas a apoiá-las.
Em 1977 a América saía de uma longa fase de dúvidas e de contestação política com uma leitura do mundo de acordo com a dicotomia entre o Bem e o Mal.
A epopeia imaginada pelo jovem realizador de «American Graffiti» tinha tudo para ressoar de forma positiva num país desejoso de voltar a levantar a cabeça. Assentava em arquétipos universais criando um universo inédito onde se misturava o futurismo com a pré-história, e inventava efeitos especiais para acompanharem a impressionante banda sonora de John Williams.
O personagem de Luke, por exemplo, é influenciado pela mitologia grega, pelas lendas da Távola Redonda e pelo Senhor dos Anéis.
Para credibilizar esse sincretismo, George Lucas desviou-se dos valores políticos e espirituais dos anos 60 e estudou os trabalhos assinados por Joseph Campbell na área da Antropologia.
Foi quanto bastou para propulsar a industria de Hollywood até às estrelas. Depois do sucesso de «O Tubarão» a saga cumpria o modelo das superproduções, que iria marcar o cinema norte-americano das décadas seguintes.
Esta abordagem aprofundada do que explica o sucesso da saga apoia-se em numerosos extratos dos seis filmes, no testemunho de professores universitários, jornalistas, atores e em realizadores como Joss Whedon, J.J. Abrams ou Peter Jackson.
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