Por muito que a crítica tenha zurzido no filme, criticando-lhe sobretudo a lamechice inerente à biografia da personagem representada por Sandra Bullock, confesso que gostei de «Gravidade».
É claro que, no género, continuarei a preferir-lhe «2001 Odisseia no Espaço». E até terei apreciado mais o «Interstellar», ainda há pouco passado pelas nossas salas. Mas a forma grandiosa como consegue recriar o espaço é perfeita na sua verosimilhança. Quase acreditávamos que, em vez de representaram em frente a cromaquis, Bullock e Clooney estavam de facto em órbita a cuidarem de salvar a vida.
A história não poderia ser mais simples: confrontada com desafios extremos, a protagonista tem de superar provas sucessivas para conseguir salvar a pele. A partir daí estamos em puro entretenimento.
Antes de ver o filme questionava-me sobre a forma como Cuarón conseguiria manter o interesse do espectador tendo em conta que tudo se resumia a ter uma astronauta em órbita da Terra, a contas com a falta de oxigénio, de nave com que regresse à Terra ou com a dificuldade em compreender as instruções em russo ou em chinês nas sucessivas alternativas por que vai passando até conseguir aterrar sã e salva cá em baixo.
Muito embora tenha havido quem achasse chato o filme, Cuarón consegue manter elevada a expectativa de se saber como ela se salvará. E os efeitos especiais, sobretudo os de cariz pirotécnico, facultam uma ajuda imprescindível nesse sentido.
É claro que Hollywood não deixa de, mesmo através de mensagens quase subliminares, dar a ferroada nos russos, dados como os causadores do desastre com a destruição de um satélite em órbita com um dos seus mísseis. Mas como manterá o cinema norte-americano a sua identidade sem os tiques da Guerra Fria?
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