Anteriormente concluíramos que não conseguimos ver a matéria negra nos telescópios, porque eles tenham limitações de alcance, mas porque ela não emite luz.
Resta-nos, pois, detetar os movimentos induzidos nas galáxias por essa matéria negra , como se fossemos os antigos marinheiros polinésios a orientarem-se no mar alto através dos destroços impelidos pelas correntes marítimas.
Seguem-se, assim, as “correntes das galáxias”, criando uma cartografia do que se vê e presumindo o que permanece invisível. Por dedução concluiu-se que existem concentrações dessa matéria negra. Como, por exemplo, o Aglomerado da Virgem, que contem um grande número de galáxias próximas de nós.
Mas nós próprios, e tudo quanto nos rodeia, estamos a movimentar-nos a 630 quilómetros por segundo na direção do Grande Atrator, uma anomalia gravitacional no espaço intergaláctico dentro da influência do Superaglomerado de Centaurus, onde se adivinha uma concentração de massa equivalente a dezenas de milhares de massas da Via Láctea.
Há vinte anos que ela motiva a atenção dos astrónomos por não se justificar que essa região do espaço nos atraia a tal velocidade. Justifica-se assim a grande questão: será que a Via Láctea será um dia engolida pelo Grande Atrator? É duvidoso, porque se a gravidade nos tende a atrair para ele, a expansão do Universo tende a afastar-nos.
Graças aos trabalhos de Edwin Hubble há mais de oitenta anos que se conhece a expansão do universo. Ele dilata-se e as galáxias tendem a distanciar-se umas das outras.
Em 1998, os astrónomos que estavam a trabalhar no Observatório de Mauna Kea chegaram a uma descoberta surpreendente: ao observarem a explosão de uma supernova mediram a velocidade da expansão do universo e concluíram que, pondo em causa as teorias até então prevalecentes, ela está a acelerar.
Pode-se hoje conjeturar ter existido um big bang na origem do universo seguido da sua contínua expansão.
Se não existisse gravidade tudo se diluiria e dispersaria de forma instantânea. Por isso julgava-se que o universo encetaria uma rápida expansão e, depois, abrandaria. Até se formulou a teoria de uma expansão até determinada altura e depois uma contração irreversível (o “Big Crunch”).
Outra hipótese era a de que a gravidade tornar-se-ia tão fraca que o universo iria apagar-se. Não se ponderava na possibilidade de se chegar à velocidade desta aceleração, sem que a gravidade a conseguisse contrariar. Mas curiosamente Einstein pensara nessa hipótese, que só a mecânica quântica poderia consubstanciar através da hipótese de residir no nada a origem dessa aceleração. Como se fosse uma tensão que se liberta espontaneamente no vazio. Mas hoje ainda permanece inconciliável o comportamento da matéria (infinitamente grande) na lógica da relatividade geral e na do infinitamente pequeno.
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