O género policial tem servido amiúde para elucidar com inteligência uma determinada realidade social. Isso ficou demonstrado com os filmes resultantes dos romances de Hammett ou de Chandler nos anos 40 e 50 e assim se foi repetindo nas décadas seguintes, quer em Hollywood, quer noutras paragens.
«Carvão Negro, Gelo Fino» confirma a regra no contexto chinês dos anos 90. O maoísmo já foi há muito enterrado com o cadáver do seu inspirador e vive-se no atordoamento de uma falta de referências, que nada facilita a felicidade de quem se vai querendo adaptar ao capitalismo na sua versão mais selvagem.
Há uma sucessão de crimes, um detetive reformado tão perdido quanto a generalidade dos que o rodeiam e uma mulher frágil no cruzamento de todos os casos em causa.
O interesse deixa de ser quem matou e porquê para se transferir para uma sociedade a contas com as suas insolúveis contradições...
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