Em artigo anterior víramos que, hoje em dia, já são conhecidas centenas de exoplanetas, situados fora do Sistema Solar, quase todos eles demasiado gasosos e próximos das respetivas estrelas para poderem suportar vida. Ora, o que todos gostaríamos de saber é da existência de outras Terras e de outros planetas habitáveis. Por isso o Graal dos astrónomos passou a ser a procura de planetas rochosos e com condições para terem ou virem a possuir vida.
Em 6 de março de 2009 foi lançado para o espaço o «Kepler» o novo telescópio espacial da NASA com esse mesmo objetivo. A sua missão, inicialmente de três anos e meio, já se prolongou até 2016, e muitos dos dados recolhidos apontam para a forte possibilidade de já estarem identificados diversos exoplanetas da dimensão de Marte e com alguma probabilidade de poderem albergar vida.
Mas o Kepler só consegue dirigir a sua atenção para cem mil estrelas, quando o potencial observável no espaço é de milhões delas. Mesmo na Via Láctea em cuja periferia estamos localizados. Quando se descobrirem outros mundos habitáveis as repercussões irão para além da própria Astronomia, porque muitas questões cientificas e filosóficas se abrirão inevitavelmente...
E, no entanto, há cerca de duzentos anos vivíamos no seio da nossa galáxia sem sequer disso termos conhecimento. Foi em 1781, que William Herschel fez uma descoberta decisiva com o seu novo telescópio de cinco metros de comprimento: numa noite majestosa apontou a sua lente para a Via Láctea, esse arco luminoso, constituído por infinitas estrelas, que os antigos gregos acreditavam não ser mais do que leite espalhado pelo céu.
Ao estudá-la, que Galileu concluíra ser constituída por um número incalculável de estrelas. Mas ninguém ainda sabia o que era uma galáxia, apenas se pressentia a sua forma, já que ela abrange todo o horizonte como se se tratasse de uma incomensurável roda.
Herschel põe-se a imaginar qual o aspeto da Via Láctea vista do exterior. Noite após noite, ele perscruta o céu anotando a posição das estrelas.
Obsessivo, e contando com a ajuda da irmã, ele constrói uma verdadeira cartografia das estrelas captáveis pelo seu telescópio. Criou assim aquilo a que, em Astronomia, se designa por contagem das estrelas.
Durante um ano toma as suas notas e conclui que a Via Láctea possui uma forma específica: em vez de ser uma amálgama caótica de estrelas no céu a Via Láctea revela-se-lhe na forma de um enorme disco.
É claro que Herschel ainda só possui os dados e a imaginação para conceber que a Via Láctea constitui todo o Cosmos. Para ele as estrelas mais distantes desse disco constituem os limites do Universo. Mas compreende que o sistema solar apenas constitui uma parte ínfima desse conjunto prodigiosamente maior.
Hoje os telescópios mais avançados já conseguiram concluir pela existência de mais de 200 mil milhões de estrelas neste enorme disco espiralado, que tem no seu centro um imenso buraco negro.
A Via Láctea é de uma tal dimensão, que seria necessário viajarmos durante cem mil anos à velocidade da luz para a percorrermos de uma extremidade até à outra.
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