Antes de Galileu os astrónomos só se limitavam a ver do universo o que lhes era acessível a olho nu. Constatavam a existência de cinco pontos luminosos mais brilhantes do que os demais que, observados em noites sucessivas, pareciam deslocar-se no céu ao contrário de todos os outros. Por isso concluíram não se tratar de estrelas, mas sim de planetas, nome de origem grega, que significava “vaguear”, “vadiar”.
A Estrela da Noite, que se via ao pôr-do-sol, era afinal Vénus. Marte surpreendia pelo seu tom avermelhado. Quanto a Júpiter e a Saturno eclipsavam tudo quanto estivesse à sua volta com o seu intenso brilho.
Hoje sabemos que esses corpos celestes são, a exemplo da Terra, outros mundos. Ora até aos tempos de Galileu era inimaginável considerar que o Universo fosse outra coisa, que não a Terra situada no seu centro. Acreditava-se que o Sol andava a movimentar-se à volta da Terra durante todo o dia, substituído à noite pela Lua e pelas outras estrelas, que descreveriam enormes círculos em torno da Terra.
Galileu não tardará a emitir a possibilidade de tudo se tratar de uma mera ilusão. Concluiu-o ao observar a Lua com a sua luneta e não encontrando o objeto celeste perfeito, que a cosmologia de então sugeria existir. Pelo contrário viu-a marcada pelas crateras resultantes do seu bombardeio por outros objetos celestes mais pequenos.
Esse momento em que Galileu se apercebeu de vales e de montanhas noutro objeto astronómico deve ter sido espantoso. Porque tratava-se de uma descoberta determinante para alterar tudo quanto até então se pensava ver no céu todas as noites: a nossa Terra nada tinha de único no conjunto do Cosmos.
Mas esse foi só o início, porque, a seguir, Galileu virou a luneta na direção de Júpiter, concluindo também tratar-se de uma esfera e, portanto, de outro mundo, tanto mais interessante, quanto o via rodeado por outros quatro objetos mais pequenos.
Noite após noite, Galileu vai registando a alteração de posicionamento desses objetos em relação à esfera maior. Algumas semanas depois conclui que eles orbitavam Júpiter.
Em «O Mensageiro das Estrelas», Galileu publica os resultados das suas observações, concluindo que Júpiter é um planeta como a Terra também o é e tem quatro satélites a circundarem-no. O impacto do livro é tal que, de um dia para o outro, Galileu ganha uma expressiva notoriedade.
A descoberta mais importante está, porém, por surgir, por vir a ser ela a alterar tudo quanto se pensava sobre a disposição de estrelas e planetas no Universo. Observando Vénus, conclui que muda de aspeto e de tamanho ao longo dos meses: a esfera que via na luneta vai ficando cada vez mais pequena e transformando-se num pequeno disco. Depois desaparece progressivamente até recomeçar a aparecer na forma de um crescente até voltar a brilhar na sua totalidade. Galileu conclui, então, que Vénus está a rodar em torno do Sol. Era, pois, falsa a ideia de tudo rodar em torno da Terra. Não é neste planeta onde vivemos que fica o centro do Universo.
Apesar do que os nossos sentidos parecem querer ver, Galileu constata que o centro do universo deverá estar no Sol.
Conhecem-se as repercussões dessas teses: o conflito de Galileu com a Igreja Apostólica Romana, que insistia em como Deus colocara a humanidade no centro da sua criação. De súbito Galileu é considerado como estando a desafiar a autoridade da Igreja!
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