sábado, dezembro 20, 2014

ALHURES: as cores de Marrocos (3)

O ocre, o branco, o verde. Chegamos, então, aos vermelhos que dão vida às várias paisagens de Marrocos.
Vemo-los nas várias tonalidades das areias do deserto de Merzouga, consoante a inclinação do sol e as sombras que ele vai estendendo.  Surge também nos canyons de Ouarzate, que já serviram de cenário a tantos filmes desde «Lawrence da Arábia» até aos muitos westerns supostamente passados no faroeste norte-americano.  Sem esquecer que Orson Welles rodou aí «Otelo» um dos seus filmes mais difíceis de concretizar por falta de quem lho financiasse.
Temos, igualmente, vermelhos nos campos de açafrão, especiaria rara, porque restringida aos estigmas, que crescem dentro das flores lilases. Ou ainda as romãs, que crescem nas árvores e são tidas como o fruto da paixão. A mesma que justifica a cor dos tapetes laboriosamente tecidos pelas noivas do Atlas e que podem ser apreciados em todas as casas da região.
Vermelha também é a cor mais apreciada pelos tingidores de Fez, que levam um mês a tratar as peles de caprinos até as venderem como couros macios no respetivo souk. Mas encontramos, igualmente, o vermelho na decoração das esplêndidas casbás, na maquilhagem do rosto das raparigas ou no sangue das vítimas das aves utilizadas na arte centenária da falcoaria.
A pouco e pouco, à medida que os sucessivos episódios da série de documentários dedicados às cores de Marrocos vão progredindo é toda a paleta de um qualquer artista, que convida ao deslumbramento do nosso olhar.
- texto decorrente da apreciação da série de cinco documentários «Les Couleurs du Maroc» de Matthieu Belghiti, Jean Froment, Fanny Tondre et Jean-Bernard Andro 
  

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