terça-feira, fevereiro 20, 2018

(DL) A ilha onde Ulisses encontrou Calipso


Gozo, uma das ilhas do arquipélago de Malta, pode ser a que Homero descreveu como sendo a do encontro de Ulisses com a ninfa Calipso, quando o herói navegava para Ítaca vindo da guerra de Troia. Pelo menos assim ficou definida desde o séc. II antes da nossa era. Mas ela já era tida como terra dada aos encantamentos antes do herói grego ali aportar. Porque fora terra de gigantes, pertencentes a uma desconhecida civilização pré-histórica de que sobram ainda vestígios no norte da ilha: o templo de Ggantija testemunha uma presença neolítica bastante sugestiva. Hoje é tido como um dos conjuntos monumentais mais antigos da presença humana na Antiguidade e data de cerca de 3000 anos a.C., ou seja mil antes de começarem a ser construídas as pirâmides do Egito.
Um dos templos era atribuído a Calipso, porque aí celebravam-se rituais em honra de uma divindade feminina. Mas Homero, no seu tempo, tudo desconhecia sobre essa civilização de cujos vestígios gigantescos ouvira falar pelos marinheiros que escalavam a ilha situada na sua rota comercial entre a Sicília e o norte de África.
Na «Odisseia» Ulisses provocara a cólera do deus dos mares, Posídon, que tudo intenta para o impedir de regressar aos braços da sua muito amada Penélope. Monstros, naufrágios e ninfas feiticeiras servem-lhe esse objetivo. Ulisses teria aportado à ilha de Gozo a sul na baía de Ramla, numa das escassas praias no meio de costas alcantiladas, aonde o seu navio sofrera danos irreparáveis.
Calipso encontra-o a carpir-se no areal alaranjado e recolhe-o, logo dele se enamorando. É numa gruta a leste da ilha, donde domina o vale edénico rico em cereais, frutos e ribeiros cristalinos, que o casal vive durante sete anos. Ela é bela e promete a juventude eterna ao amante, mas ele não desiste do regresso a casa. É a contragosto que o deixa partir, ajudando-o até a construir a jangada para o efeito.

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