domingo, fevereiro 18, 2018

(DIM) Isabelle Huppert, Ryan Gosling e Willem Dafoe


1. Já salivo de impaciência pelo filme que Benoît Jacquot acaba de estrear em Berlim e constitui a remake de outro com Jeanne Moreau, rodado em 1962 por Joseph Losey. Desta feita quem faz o papel de Eva é Isabelle Huppert, que Jorge Mourinha, crítico do Público, privilegiado ao assistir à sua apresentação no Festival de Berlim, considera muito justamente a melhor atriz do nosso tempo. Call girl capaz de separar eficientemente essa vertente da sua privacidade, ela depara-se com um falsário armado em dramaturgo de sucesso, mas em crise de inspiração, que apenas se limitara a dar como sua a peça criada por quem morrera inesperadamente na sua presença. E para manter a farsa é capaz de ir até ao crime.
Depois do filme de Paul Verhoeven («Ela»), prefigura-se um novo desempenho superlativo da atriz cujos papéis são quase sempre motivo de contentamento.
2. No papel romântico de “The Notebook”, o filme que lhe lançou a carreira após alguns papéis de adolescente no Disney Channel, ele tornou-se num dos atores mais bem vistos pelos corações românticos das jovens a nível global. Mas Ryan Gosling não vale apenas pelo aspeto físico. O seu filme de cabeceira é “A Noite do Caçador” de Charles Laughton. Uma predileção pelo fantástico poético, que concretizou com «Dead Man’s Bone», um grupo musical com sons crepusculares, e com o fantasmático “Lost River” (2014), o primeiro filme que realizou.
Após o seu rolo de piloto em «Drive», o canadiano louro dançou nos cenários de “La La Land” de Damien Chazelle. Agora sabemo-lo a rodar o filme sobre a biografia de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar a Lua. Diz-se que a estreia está marcada para o outono.
3. «The Florida Project» não é um filme de indiscutível mérito, mas o ser interpretado por Willem Dafoe justifica a deslocação aos cinemas, que o exibem entre nós. O ator - nomeado para o Óscar pelo melhor ator secundário - é daqueles que, mesmo nas coisas mais abstrusas, justifica que lhe prestemos atenção.
O filme de Sean Baker revela a existência de quem vive miseravelmente em motéis nos subúrbios dos símbolos do sonho americano como é o caso do parque da Disney em Orlando. Fazendo de gerente incumbido de resolver todos os problemas suscitados pelos hóspedes, Dafoe impressiona pela capacidade de revelar genuína compaixão pelos que se veem, de facto, mergulhados num pesadelo sem saída à vista. Ainda que a atenção se focalize na miúda traquinas, que olha para tudo com a inocência triste de quem pressente o sarilho em que está mergulhada.

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