terça-feira, fevereiro 20, 2018

AS PARTES DO TODO (XVI): Demografia, Asteróide, Malta e dietas


Um problema demográfico?
Este é um tempo em que as sociedades avançam rapidamente para situações limite e para as quais nãos e estão a preparar. Por exemplo existe um gravíssimo problema demográfico numa Europa, onde os caixões são criados em numero significativamente maior do que os berços. A perspetiva é que a economia sofra uma estagnação, senão mesmo uma irreversível depressão, ou que, em alternativa, emigrantes de outros continentes venham ocupar os postos de trabalho, que ficarão disponíveis por falta de quem os possa exercer.
O que resultará daí?  Um crescimento ainda mais significativo das forças populistas, com significativo aumento de explosões violentas como sucedeu dias atrás em Itália?
Mas como a sociedade europeia parece sujeitar-se cada vez mais a uma espécie de cálculo vetorial em que tendências opostas se manifestam e até se podem anular, como encarar a hipótese de uma redução acelerada do volume de empregos, que suscite uma crise social sem precedentes? Justificar-se-á a implementação do salário universal tal qual anda a ser proposto por algumas direitas e visto com grande desconfiança pelas esquerdas?
E o que dizer da evolução inquietante da Inteligência Artificial, em breve capaz de ultrapassar as limitações em que se revelava menos eficiente do que a humana? Estaremos fadados para sermos reduzidos á condição de seres inferiores, dominados, senão mesmo escravizados pelos replicantes do futuro?
Em séculos sucessivos a Humanidade sempre olhou para o futuro com a desconfiança de nele se virem a passar cenários distópicos, que justificassem a vontade de travagem da evolução nos meios de produção. E, no entanto, quase sempre o novo substituiu o velho com grande vantagem. Não estaremos a ser novamente demasiado alarmistas perante uma tecnologia que poderá ser posta ao nosso serviço em vez de se converter num instrumento de subjugação dos que de nós descendem?

Um asteroide com nome de Portugal
Entre Marte e Júpiter numa cintura que tem milhentos outros corpos celestes semelhantes, orbita o asteroide Portugal identificado em março de 1986 e posteriormente crismado tal qual é agora conhecido. Com 15 quilómetros de diâmetro é bem maior do que o causador da morte dos dinossauros há 65 milhões de anos e leva seis anos a dar a volta em torno do Sol.

Malta no cruzamento das civilizações
Virada para as costas africanas e a meio do Mediterrâneo, Malta viu os invasores sucederem-se nas  ilhas do seu arquipélago: fenícios, gregos, romanos, árabes, até que uma Ordem Militar de cruzados aí permaneceria durante vários séculos. Eram os cavaleiros da Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém, que se encarregaram da construção de La Valetta, capital erigida no século XVI com as pujantes muralhas e as ruas traçadas em perpendiculares e transversais, inovadoras para a época.
A Ordem religiosa-militar começou a instalar-se ali em 1530, quando as ilhas estavam sob o domínio do imperador Carlos V e estava aceso o conflito com os Otomanos. A sua fundação remontava quatro séculos para trás, quando visava socorrer os peregrinos dispostos a concretizarem a difícil viagem até à Terra Santa. Mas ulteriormente o objetivo passara a ser exclusivamente militar procurando evitar que os inimigos islâmicos conseguissem progredir na sua influência para Ocidente. O contrato com a Coroa espanhola pressupunha, que Malta lhes seria entregue como arrendatários, obrigando-se anualmente a fornecer dois falcões ao senhorio.
Em 1565 a justeza desse acordo confirmar-se-ia, quando os Cruzados derrotaram os Otomanos numa tentativa de ocupação, que se transformou para estes num desastre. Ficaria assim garantida a paz para os séculos seguintes. Como o comandante vencedor chamava-se La Vallette estava encontrado o nome da cidade, que construiriam de seguida, aproveitando as ricas pedreiras de mármore do sul da ilha. Começando por levantar as muralhas, seguir-se-iam edifícios cada vez mais magnificentes, entre os quais sobressai a impressionante Catedral com quadros valiosíssimos - um deles da autoria de Caravaggio - e túmulos de cavaleiros decorados como se fossem bandas desenhadas, porque ilustram as proezas dos que ali têm os ossos depositados.
A Ordem de Malta só seria expulsa em 1798, quando Napoleão os conseguiu vencer os seus soldados e apossar-se do arquipélago. Refugiada em Roma a Ordem retomou então a vocação inicial.

Dietas falaciosas
Apesar de manifestamente obeso nunca me deixei seduzir pelos encantos das dietas. Por um lado pela herança genética que se revela incontornável, por outro pelo convencimento de só se justificar o paliativo do exercício físico, sobretudo se efetuado num belo cenário como o é a baía do Seixal.
Um artigo na revista do Expresso deste sábado (apesar de contaminada pelas baboseiras do filho do gasolineiro sempre nela se aproveita algo de útil!) vem ao encontro dessa convicção: um nutricionista desaconselha a dieta da moda à base de frutos e legumes, porque é falaciosa a ideia de que contribuam para desintoxicar o corpo. “O que desintoxica o corpo é o fígado e os rins”. Ponto final, porque necessitando de proteína, assim fornecida em quantidade insuficiente, o corpo vai busca-la aos músculos, degradando-os.
Como diria o outro, elementar meu caro Watson!

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