terça-feira, fevereiro 27, 2018

(DIM) «Os Jogos de Hitler - Berlim 1936» de Jerôme Prieur (2016)


Há dois anos, a pretexto dos oitenta anos passados sobre os Jogos Olímpicos de Berlim, o realizador Jêrome Prieur realizou este documentário com o objetivo de descodificar a gigantesca operação de propaganda organizada pelo regime nazi desde 1933. Na quase hora e meia, que dura, detalha-se a preparação, a orquestração e a encenação do espetáculo, que se revelaria bem mais político do que desportivo. E para tal recorre a muitos filmes inéditos rodados por amadores e por extratos do que Leni Riefenstahl rodou com a intenção de alimentar essa mesma propaganda.
Berlim, nesse ano de 1936, era apresentada como uma cidade magnífica, cosmopolita, agradabilíssima de viver e onde os polícias conseguiam expressar-se em várias línguas. Na chefia do Estado o führer era apresentado como um déspota iluminado, pacífico. Nos quinze dias em que decorreram esses Jogos Olímpicos, a Alemanha nazi tudo fez para assim se apresentar perante o resto do mundo. E conseguiu-o, porque o Comité Olímpico Internacional, os governantes convidados e os turistas, que acorreram a presenciar as competições deixaram-se envolver por esse logro. E a mistificação perdurou, porque ainda hoje as quatro medalhas de ouro do atleta negro Jesse Owens tendem a consagrar a vitória do desporto e do ideal olímpico, que não tem qualquer consonância com a realidade.
Os Jogos de Berlim foram um instrumento decisivo do controlo da sociedade alemã pelo partido nazi, constituindo uma vistosa montra para que o regime obtivesse o útil reconhecimento internacional.

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