quarta-feira, outubro 01, 2014

AUDIÇÕES: «Hymnus» de Antonin Dvorak

Iniciamos aqui uma série de textos sobre Antonin Dvorak, um dos grandes compositores do século XIX, que associamos normalmente aos que enfatizaram significativamente os sentimentos nacionalistas e criaram obras destinadas a  dar-lhes substância musical.
A peça coral aqui proposta - «Hymnus» - foi apresentada em 1873 e refletia o sentimento independentista do povo boémio, recorrendo para tal ao texto «Os Herdeiros da Montanha» do poeta Halek.
Dvorak contava então 32 anos, porquanto nascera em 8 de setembro de 1841 em Nehahozéves, uma pequena aldeia a sessenta quilómetros de Praga e situada nas margens do rio Moldava.
A família era humilde: a mãe, Anna, servira como criada no castelo de Mülhausen, antes de se casar com Frantisek, que tinha um talho e uma estalagem.
Apesar de tocar violino e flauta e pertencer à orquestra local, Frantisek não aceitou de bom grado o talento musical precoce do primogénito dos seus nove filhos. Pelo contrário, manda-o estudar alemão para Zlonice, para que ele venha a liderar os negócios familiares.
Será graças às pressões do professor do rapaz, que a família aceitará vê-lo partir para Praga para, alojando-se em casa de um tio, concretizar os almejados estudos musicais.
Mas na grande cidade, a integração do jovem Antonin será complicada, nunca deixando de ser tido como um provinciano por mais que se revele  um bom aluno.
Dois anos passados as dificuldades económicas levam-no a concorrer com sucesso a uma vaga como violista pela Orquestra de Karel Komzak, depressa chegando a solista dos muitos concertos semanais apresentados no Teatro Provisório Checo.
Durará nove anos a ligação a essa orquestra, que lhe garante o ordenado fixo suficiente para se poder instalar num apartamento alugado no centro de Praga. É então que, para ganhar disponibilidade para o seu desejo de compor que consegue o lugar de organista na Igreja de São Adalberto, uma das mais antigas de Praga. Em pouco tempo assina as suas duas primeiras óperas: «Alfred» e «Rei e Carvoeiro», muito embora desta última só assista à apresentação da sua abertura, já que só virá ser estreada na integralidade em 1929, vinte cinco anos depois da sua morte.
Mas prepara-se, então, para dar um passo determinante no seu futuro: casar com Anna Cermakova, a irmã da sua aluna Josefina, por quem se embeiçara, mas que lhe negaria os avanços amorosos... 

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