No dia 21 de outubro passaram trinta anos sobre a morte de um dos melhores realizadores franceses do século passado: François Truffaut.
Em França têm decorrido diversas iniciativas em sua homenagem, que nos permitem conhecer ou recordar algumas das características por ele reveladas como homem e como criativo.
Uma delas diz respeito á sua filiação para com a obra de Jean Renoir, um mestre que ele idolatrava ao ponto de crismar de Les Films de la Carrosse a sua produtora. Ou de inserir no genérico de «A Sereia do Mississipi» algumas cenas da «Marselhesa». Ou de dar a Jean Dasté, um ator que trabalhara com o mestre, um dos papéis de «O Menino Selvagem». Ou de inspirar-se numa peça de Renoir («Carola») para redigir o argumento de «O Último Metro». Ou, enfim, de dar ao seu alter ego, Antoine Doinel, um apelido semelhante ao de Ginette Doynel … que fora a secretária do admirado realizador.
O fascínio de Truffaut por Renoir surgira quando tinha 14 anos e, em poucas semanas, vira doze vezes «A Regra do Jogo». Doravante nunca deixaria de admirar o espírito livre do criador insensível às críticas e às convenções, nada cedendo que pudesse obstar à sua visão do mundo e do que dela pretendia traduzir em filme. Por isso mesmo não hesitava em explorar os vários géneros como pretexto para melhor captar a complexidade da realidade.
Em 1954, já com 22 anos, Truffaut escreveu uma carta a Renoir em que lhe confessava toda a sua admiração. O que lhe valeu ser convidado para o assistir na encenação teatral de «Júlio César» de Shakespeare depois de uma curta passagem pela rodagem de «French Cancan».
De mestre venerado, Renoir tornou-se para o jovem Truffaut um amigo, um cúmplice. É que lhe transmitiu uma inesquecível lição de moral e de cinema: “Dar a oportunidade a todos os personagens sem os julgar. E nunca esquecer quanto a vida é paradoxal”.
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