No Cazaquistão, há um alimento ancestral que está a conhecer um inesperado sucesso: o leite de camela. Os pastores não poupam palavras para lhe descreverem os benefícios, razão para estarem a aumentar em número os cazaques, que redescobrem as vantagens de colherem sustento na criação de cáfilas de camelos e de dromedários. O que ganham com a venda da carne e do leite permite-lhes retomar a tradição secular dos antepassados, que assim viveram no deserto. Tanto mais que a vida razoavelmente confortável de que dispunham antes da implosão da União Soviética tornou-se bastante difícil de replicar no atual enquadramento capitalista!
Em superfície o Cazaquistão é o nono maior país do planeta e a maior parte do seu território compõe-se de estepes, desertos e zonas semidesérticas. Tais regiões podem parecer agrestes, mas não o são para os criadores de camelos, nomeadamente Berigbaï e a sua esposa Goulya aí nascidos. Eles são nómadas que transportam os bens, incluindo a iurta no dorso dos animais, mas contando com a ajuda de dois jipes todo-o-terreno facultados pelo patrão, Sydyk, que enriqueceu com esse negócio e agora lhes paga mensalmente um salário mais elevado do que o praticado normalmente nas cidades.
O documentário acompanha essa família pelo deserto de Taukum, durante a sua migração estival, num território quase do tamanho da Suíça e com o habitat ideal para as várias raças de camelos e dromedários, que estão a converter-se numa das mais prósperas atividades económicas do país.
As camelas desde sempre que facultam uma das riquezas mais apreciadas pelos habitantes do deserto: o leite, que é particularmente nutritivo.
Os nómadas inventaram um método primitivo da sua conservação, acrescentando-lhe bactérias e conseguindo assim o «shubat», uma bebida algo ácida, mas muito apreciada, sorvida como se se tratasse de um refresco e capaz de suscitar grandes benefícios para a saúde.
No Cazaquistão o «shubat» tem muita procura e há quem o diga capaz de curar algumas doenças. Virtudes, que se poderiam explicar pelo facto de, no deserto, os camelos alimentarem-se de todo o tipo de plantas, muitas delas conhecidas pela utilização na farmacopeia tradicional do país. Por isso mesmo tende a exportar-se para distâncias cada vez maiores, como é o caso da China, que já dele se tornou um importante cliente.
Os cientistas estudaram-lhes as principais características, concluindo que o leite de camela é muito rico em enzimas e proteínas antibacterianas capazes de reforçarem o sistema imunitário!
O futuro parece ser auspicioso para os pastores cazaques, que descobriram á sua custa os encantos dos hábitos ancestrais. Por muito que já não dispensem a televisão nem a visita mensal à cidade, que os transporta para um tipo de civilização, que quase os tinha esmagado...
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