quarta-feira, outubro 15, 2014

ETOLOGIA: Lobos que comem salmões

A Evolução das Espécies tem sido um longo processo, que prossegue irreversivelmente neste presente em que a reconhecemos quase universalmente como uma evidência só contrariada por uns quantos alucinados norte-americanos. Podem-se testemunhar casos eloquentes de como, em função do habitat, as espécies vão encontrando novas soluções de sobrevivência.
Há dias atrás este blogue continha um texto sobre cães e gatos, que passaram a integrar as famílias de babuínos nalgumas regiões da Arábia Saudita. Hoje temos um novo exemplo para confirmar formas de evolução dos comportamentos animais, que surpreendem por se distinguirem dos comummente associados a quanto deles se julga saber.
É o que acontece com os lobos cinzentos da região de Prince Rupert na Columbia Britânica, uma das províncias ocidentais do Canadá. Todos os anos em Setembro, quando os salmões sobem os cursos dos rios para desovarem, não têm apenas os ursos castanhos à espera. Também lá estão as matilhas de lobos, que se habituaram a encontrar nesses peixes uma fonte de alimentação particularmente apreciada.
Muito hábeis a capturá-los também surpreendem pelo facto de só comerem as respetivas cabeças, deixando os corpos para os necrófagos. E por uma boa razão: muitos desses peixes têm um parasita do tipo ténia, que é letal para a população de lobos, ao contrário do que sucede com os ursos, cuja longa hibernação acaba por ser mortífera para tais parasitas. Várias gerações de lobos já terão adquirido o conhecimento em como, limitando-se a comer as cabeças dos salmões, conseguem evitar essa ameaça á sua saúde.
Muito mais fáceis de apanhar do que os veados da floresta - cujos contra-ataques se revelam frequentemente perigosos - os lobos aproveitam esta fonte sazonal de alimentação interrompendo os seus hábitos carnívoros.
Em comparação com outros animais da sua espécie a evolução parece estar a verificar-se nalgumas características por muito que o darwinismo sempre se acautele com a noção só percetível ao fim de milhares de anos. Mas, em laboratório, já se vão notando alterações no pelo destes animais, que poderão corresponder a essa obrigatória adaptação a um ambiente mais marinho. 

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