quinta-feira, outubro 23, 2014

LEITURAS: «1Q84» de Haruki Murakami (1º volume) VIII - Linhas paralelas começam a convergir

Estamos a chegar ao final do primeiro volume da trilogia de Murakami e as histórias de Aomame e de Tengo começam a convergir, quando a viúva de Azabu dá a conhecer à sua colaboradora uma rapariga de dez anos recolhida na sua casa-abrigo e cujo útero fora destruído pelo Povo Pequeno descrito no romance de Fuka-eri.
Recordemos que, até então, as histórias de Aomame e de Tengo tinham decorrido em paralelo, mas sem se tocarem. Ela foi-nos apresentada como uma jovem professora de ginástica, que mata crápulas conhecidos pela violência doméstica, que praticam contra as suas esposas ou filhas, enquanto o protagonista masculino é um professor de matemática ao mesmo tempo dedicado à escrita e por isso contratado para reescrever um romance destinado a ter um enorme sucesso.
A viúva de Azabu explica a Aomame que Tsubasa fora repetidamente violada pelo líder da comunidade Vanguarda, indicado como o próximo alvo a abater. Por muito que desconhecessem quem seria esse Povo Pequeno de que a rapariga não cessava de referenciar.
Enquanto a assassina profissional inicia as investigações sobre a Vanguarda para concretizar a sua missão, «A Crisálida de de Ar» constitui um enorme sucesso literário graças ao Prémio conquistado.
Tengo bem gostaria de se afastar do livro de Fuka-eri e da estranha seita religiosa donde ela proviera, mas não consegue: “Embrulhara-se pelo seu próprio pé, sabendo perfeitamente que tal implicava um certo grau de risco. A máquina já estava em movimento, e ganhara demasiado impulso para que fosse capaz de a deter. Tengo era, ele mesmo, uma peça da engrenagem - uma peça fundamental, agora que pensava nisso. Conseguia ouvir o surdo gemido da máquina e sentir o seu ímpeto implacável”. (pág. 443)
Ora Tengo ouve o professor Ebisuno explicar-lhe os motivos para que surja um grande interesse mediático em torno de «A Crisálida de Ar»: espera assim remover os obstáculos que o têm impedido de entrar nas instalações da Vanguarda para saber o destino dos pais de Fuka-eri. E conclui: “Não sei o que é o Povo Pequeno de que a Eri fala, e ela não consegue ou não quer exprimir por palavras aquilo em que consiste. Contudo, parece certo de que o Povo Pequeno desempenhou um papel qualquer na mudança súbita e drástica que transformou a Vanguarda de comunidade agrícola em organização religiosa”. (pág. 378)
Com o primeiro volume do romance a aproximar-se do final começam a aumentar as situações estranhas: a cadela que guardava o abrigo das mulheres agredidas explode e fica em pedaços; Fuka-eri desaparece; Komatsu e o professor Ebisuno ficam incontactáveis para Tengo; e sugere-se a perda de Ayumi para Aomame depois de se ter empenhado em descobrir nos arquivos da polícia quanto pudesse servir à amiga sobre os dados recolhidos sobre a Vanguarda.

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