Será que devemos ter a liberdade de definir o momento e a forma como iremos morrer?
O debate está aberto atualmente em vários países, sendo conhecido o caso de uma doente terminal com um tumor no cérebro, que se prepara para morrer este fim-de-semana no Estado do Oregon, ou o de um filme acabado de lançar em França sobre os últimos meses de vida da escritora Anne Matalon, que desejava igualmente um final à sua escolha.
Como noutros tipos de causas ditas fraturantes o debate conta de um lado com quem professa a liberdade de cada um fazer do seu corpo o que melhor lhe aprouver - tese com a qual inquestionavelmente me identifico - e a outra, a dos fundamentalistas normalmente associados às religiões monoteístas, que consideram a Vida em si uma realidade absoluta, justificativa da militância fascizante de quererem impor a outrem os preconceitos que lavram nas suas mentes.
«Le Moment et la Manière», o filme de Anne Kunvari, que teve de vencer tantos obstáculos para se estrear esta semana nos ecrãs franceses, conta como, após catorze anos de combate incessante contra o cancro, a escritora Anne Matalon acabou por falecer em julho de 2012. Sem conseguir vencer as barreiras, que a impediram de decidir sobre a sua maneira de morrer.
O documentário é, por natureza, intimista e de uma grande ternura pela protagonista que teve a perfeita noção de, com o seu exemplo, ajudar a vencer uma das batalhas ainda por resolver e em que estão em causa as liberdades fundamentais devidas a cada um de nós, que vivemos numa sociedade supostamente democrática...
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