A questão que este filme letão coloca é esta: trata-se de uma ficção sob o aspeto de um documentário ou existe alguma verosimilhança no que aparenta? É que se for este o caso justifica-se aferir até que ponto é legítimo um cineasta forçar alguém a deixar-se filmar depois de uma reação inicial tão veemente no sentido da sua recusa. Porque é esse o tema: um realizador tenta captar as imagens de uma anciã, que vive sozinha na floresta.No início Ivars Zviedris tenta a abordagem mas ela revolta-se, insulta-o e expulsa-o dali. À custa da persistência do realizador ela acalma e acede a deixar-se filmar.
Sem se desviar do seu objetivo, Zviedris filma as crises agudas de loucura da anciã num encadeamento de planos repetitivos, que acabam por se revelar divertidos.
O filme revela-se radical nessa forma como o realizador vai-se apossando progressivamente da sua personagem.
«O Documentarista» chega a desconcertar num tipo de relação em que se enfatizam as questões do perdão e da solidão. E traz como bónus a beleza indizível das paisagens do país báltico.
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