O corpo médico desempenhou um papel determinante no projeto de aniquilação de judeus pelos nazis. E Auschwitz foi o único campo de extermínio onde se criou um programa de investigação médica destinado a estudar a esterilização e a procriação de acordo com a ideologia nazi, liderado pelos doutores Schumann e Mengele, que conseguiram fugir depois da guerra, jamais tendo sido confrontados judicialmente com os seus crimes.
A partir dos testemunhos de médicos deportados que foram designados para essa deriva demencial - recolhidos sobretudo nos processos de Nuremberga em 1946 -, dos relatórios “científicos” dos médicos-chefes à administração nazi e de cartas recebidas ou enviadas, o realizador Emil Weiss confronta o espectador com o horror.
O filme é o último de uma trilogia, que incluiu «Destruição - Auschwitz, os primeiros testemunhos» e «Sonderkommando Auschwitz - Birkenau» - todos eles a darem um particular ênfase às palavras e a um estilo muito depurado. Algumas imagens e fotografias dos médicos, bem como os longos travellings pelas ruínas desertas do campo, criam metáforas fortes sobre a terrível verdade, que escondem, mas pressentida pelos sons dos comboios, das portas, que as acompanham: as inúmeras vidas esmagadas pela bárbara máquina de destruição nazi.
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