terça-feira, outubro 24, 2017

(EdH) Quando Marx se tornou comunista

Em outubro de 1843 Karl Marx tinha 25 anos quando chegou a Paris, acompanhado de Jenny com quem casara meses antes. Falhada a possibilidade de ter uma carreira académica na Alemanha, dado que o monarca Frederico Guilherme IV não tolerava irreverências nas universidades, e despedido da «Gazeta Renana» onde trabalhava como jornalista, era-lhe fundamental garantir um salário regular com que sustentasse a família.
O convite de Arnold Ruge, que se preparava para lançar uma nova publicação para dar voz às ideias liberais e republicanas dos exilados - «Les Annales Franco-Allemands» -, constituía uma alternativa aliciante, tanto mais que poderia ali contactar com a fina-flor da intelligentsia germânica, que a autocracia considerava personas non gratas e prosseguir os estudos de economia, mediante o acesso a bibliografia que a censura lhe vedara até então.
Paris eraonde todos podiam exprimir-se  e certa a existência de quem aceitasse as suas ideias. Reinava Luís Filipe e as pequenas fábricas transformavam-se em pujantes indústrias onde ganhava expressão a classe proletária. Ademais a Revolução de 1789 ainda ecoava em quem lá vivia.
A estadia duraráiadezassete meses permitindo-lhe consolidar a amizade com Engels e compreender, em muitas discussões com o próprio, como a sua ideia de política distava anos-luz da de Proudhon. Será nesta estadia, que Marx vai assumir-se como comunista, pondo de lado as teses liberais do movimento a que até então pertencera, a dos Jovens Hegelianos.
Vendo dilatada a sua reputação a diplomacia alemã insta o fragilizado governo francês a expulsá-lo do território e é sem dinheiro no bolso e com Jenny grávida, que ambos se veem obrigados a partir para Bruxelas, escala seguinte do seu atribulado percurso.

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