sábado, outubro 07, 2017

(C) A hipnose como terapia consensual em ambientes clínicos

Houve um tempo em que a hipnose era vista como uma vigarice, uma ferramenta de manipulação ou, na melhor das hipóteses, um recurso para melhor se conhecer o que se teria recalcado dentro de si.
Mais recentemente a Medicina tem recorrido a ela por se mostrar uma alternativa eficaz à anestesia, quando se trata de combater a dor. Mas começa a ser levada muito a sério para o combate às fobias, às dependências, aos traumas psicológicos, com efeitos inegavelmente minimizadores dos seus impactos em quem os sofre. E, no entanto, já desde o século XIX, que o médico escocês James Braid demonstrou os benefícios dessa técnica alternativa de tratamento médico, considerando que a hipnose não é muito diferente dos estados mentais por que passamos comummente no dia-a-dia, quando nos afundamos nos pensamentos ou quando quase esquecemos tudo quanto se passa à volta porque um entretenimento nos monopoliza toda a atenção.
A hipnose acaba por constituir um recurso para nos distanciarmos do foco no que nos está à volta, desligando essa vertente da consciência. Exames imagiológicos permitem concluir que, quando isso sucede, há zonas do cérebro, que se inativam, e outras, que ganham súbita vivacidade.
Através da hipnoterapia é possível  distanciar os pacientes do stress, atenuar dores pós-operatórias e até evitar reações inflamatórias. Porque a hipnose reprograma a perceção da realidade permitindo a indução de sugestões alternativas. Por isso mesmo os médicos, que defendem a sua utilização consideram que possa substituir muitos medicamentos sem deles reter os sempre consideráveis efeitos secundários. A dor pode ser substituída pela calma, pelo bem estar...
Hoje em dia até os atletas de alta competição aderem a esta técnica para melhor controlarem o seu ânimo e melhorarem o desempenho. No entanto ela comporta limites não negligenciáveis: além dos perigos do seu uso por «terapeutas» pouco fiáveis, que se podem valer da hipervulnerabilidade em que os pacientes possam ficar, nem todos nós somos potencialmente hipnotizáveis, porque calcula-se que 1/3 da população dificilmente consegue dissociar-se dessa realidade circundante e, os que melhor o fazem não chegam a 10% dos que têm sido objeto de estudo científico, havendo estados intermédios entre os dez níveis de uma classificação entretanto definida.
O mais curioso é existir essa zona cerebral onde a consciência adormece, substituída pela possível aceitação de uma realidade alternativa, mais sentida do que compreendida.

Sem comentários: