segunda-feira, novembro 13, 2017

(DL) A surpresa de ler D.H. Lawrence

Catherine Millet chegou tarde à obra de D.H. Lawrence e só quando um editor decidiu avançar para a publicação de um dicionário de personagens considerando a autora de «A Vida Sexual de Catherine M.» como a mais indicada para escrever sobre Lady Chatterley, é que ela se entregou a tão porfiada descoberta.
Alertada pelas críticas negativas, que davam o escritor como maçudo e datado, surpreendeu-se com o fascínio suscitado pela escrita daquele que tanto contribuíra para a revolução sexual apesar de haver quem o tivesse considerado um «puritano escandaloso».
Como explica no primeiro capítulo de «Aimer Lawrence» ele mostrava-se completamente desprovido de Superego: “não há o mínimo indício de escrúpulo moral ou de ideologia que conflituasse com os sentimentos e a imaginação. À medida que vai amadurecendo Lawrence parece ter por regra que, se a realidade teima na impossibilidade de concretizar os sonhos, será necessário resistir e não renunciar a eles.”
Catherine Millet acabou por se render às heroínas tumultuosas e omnipresentes de Lawrence que nada cedem quando se trata de darem satisfação aos seus desejos. São mulheres livres, permanentemente insatisfeitas, sempre desejosas de irem mais além. E falam com a mesma ausência de tabus, que caracterizam a escrita do autor.
A ensaísta conclui que Lawrence terá sugerido, que a evolução do mundo viria a manifestar-se, mais do que pela alteração do estatuto social das mulheres - a reivindicação principal dos movimentos feministas -, pela satisfação jubilatória dos seus desejos sexuais. 

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