quinta-feira, novembro 02, 2017

(DIM) Pedro, uma curta assinada por André Santos e Marco Leão em 2016

Depois de uma noite, que se adivinha intensa, Pedro chega cansado a casa. Ainda assim com tempo para ligar o computador e expor-se num site onde a exibição do seu sexo satisfará clientela indefinida.
Quando o corpo lhe apelava ao descanso a mãe impele-o a levá-la à praia. A contragosto ele assim o faz, alcançando ambos uma praia semisselvagem, batida pelo vento, e onde são poucos os que ali arriscam os prazeres balneários. À exceção de um nudista, que sai da água, sinaliza Pedro sobre o seu interesse e se lhe antecipa até zona deserta ali próxima para uma apressada relação sexual.
Ao regressar junto da mãe, ela, cínica, pergunta-lhe se tinha conseguido fazer o xixi, que lhe servira de pretexto para seguir o efémero amante. Mas já ela também colhe satisfação do seu próprio amante, com quem combinara encontro ali.
Sentindo-se à margem Pedro pega na mota e regressa sozinho a casa.
Que dizer deste filme de André Santos e de Marco Leão, que, este ano, constituiu a primeira curta-metragem portuguesa a ser selecionada para o prestigiado Festival de Sundance?
Há, evidentemente, a temática queer, mas sobretudo a comunicação problemática entre mãe e filho, que podem vivenciar os mesmos espaços, mas não estabelecem laços de empatia, que seriam expectáveis. Mas há também a referir o talento de dois realizadores, que já assinaram seis curtas em conjunto e revelam um talento inegável apesar da limitação dos recursos com que contam para fazerem aquilo que mais gostam: filmar.

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