segunda-feira, novembro 20, 2017

(DIM) À espera de um Giovanni, que é mais do que um Godot

Jeanne chega à Sicília à procura de recuperar a relação com o ex-namorado. Giovanni convidara-a numa altura em que, viremos a sabê-lo depois de ter acontecido entre ambos a precipitar algo próximo da rutura. E que terá tido na leviandade dela a sua causa.
Anna, a putativa sogra, incita-a a ficar ali, na grande mansão familiar onde ela própria, também vinda de França, fora recebida muitos anos atrás com alguma hostilidade, sentimento que não pretende repetir com a inesperada convidada.
Que houve um funeral recente, sente-o Jeanne no comportamento dos que ali encontra reunidos já depois do sepultamento. Mas Anna diz ter-se tratado da cerimónia em prol do próprio irmão. E esse é o grande motivo de ceticismo, que teremos na hora e meia seguinte, quando constatamos que a recém-chegada nunca coloca a possibilidade de ter ocorrido a morte daquele cuja vida procurava. Enquanto isso pressentimos em Anna a vontade de, através da presença daquela que o filho amara, uma forma de o fazer perdurar um pouco mais em si.
O caseiro Pietro tem vontade de pôr cobro a uma situação, que considera mórbida e algo blasfema abandonando por isso a casa e deixando as duas mulheres ainda mais sós, uma face à outra, sem que emerja qualquer tensão inimistosa entre ambas. Até que Anna remove os panos, que tapam os espelhos, pondo fim ao luto e diz à rapariga, que Giovanni nunca regressará. Que a não quer mais. E é nessa ambiguidade, que o filme se conclui.
Baseado vagamente em personagens pirandellianos «À Espera» de Piero Messina não é filme tão interessante quanto alguns críticos o terão apreciado. Com Nanni Moretti a rarear nas suas propostas não há como encontrar algo de excecional no que se produz na península italiana. Apenas coisas assim, vagamente curiosas, que rapidamente se esquecem, mesmo que suportadas - como é o caso com Juliette Binoche!  -  em atores e atrizes, que estimamos.

Sem comentários: