quinta-feira, novembro 16, 2017

(DIM) Hoje à noite no Cineclube Gandaia: «The Matador» de Richard Shepard (2004)

A pobre da criancinha até pretendia comunicar com o senhor que parecia particularmente atento ao que se estava a passar em frente ao prédio ali quase em frente. Mas John Noble não mostra particular simpatia por tão precoce irreverência. É que o seu modo de vida passa por ser um matador, cerceando a vida a quem lhe apontam como alvo a troco de lauta remuneração. E assim vemos um desses alvos voar pelos ares, estilhaçado por bem sucedida explosão.
Despedido do papel de James Bond, que lhe coubera por sete anos e ao qual dera o melhor dos seus limitados talentos, Pierce Brosnan prosseguia com este filme de 2004 uma alternativa ambiciosa para se manter na ribalta de Hollywood. Que se sai bem da tentativa é o que veremos neste «O Matador» de Richard Shepard, que hoje exibiremos no Cineclube Gandaia.
Com ele contracena Greg Kinnear, que veste o personagem Danny Wright, um executivo perseguido pelo estigma dos sucessivos fracassos e ansioso por um negócio no México capaz de lhe salvar a carreira. Mas, prenúncio do desastre para se encaminha, na véspera da viagem, uma tempestade faz despenhar uma enorme árvore sobre a sua casa, semidestruindo-a.
É pois num bar de hotel da capital mexicana, que um criminoso bem sucedido e um capitalista falhado se encontram e conversam, esmiuçando-se melhor o quanto são opostos: apesar de profissional de sucesso, Noble é um solitário malgré lui, enquanto Danny tem em casa a muito amada Bean, ainda assim incapaz de recuperar do drama de ter perdido tragicamente o filho de ambos.
No dia seguinte, convidando o novo amigo para uma tourada, Noble faz-lhe uma demonstração prática do seu ofício, em que o outro nem queria acreditar que pudesse existir. Mas descobriremos mais tarde o quão útil esse métier se lhe revela, porque seis meses mais tarde, quando Noble assenta arrais em casa do amigo em Denver, é para lhe pedir a retribuição do favor feito no México para ter conseguido êxito no seu crucial negócio. E, para surpresa de Bean, que nem quer crer no que vê envolver-se o marido, lá vão os dois para as corridas de cavalos em Tucson no Arizona para resolver o difícil imbróglio em que Noble se vira.
Tratando-se de um típico filme de série B, «O Matador» ajusta-se bem ao tema do sonho americano convertido em pesadelo. Porque o sucesso profissional é tão precário, que o reverso implica a possibilidade de perder a vida. E, tratando-se de salvar a pele, não existem na sociedade norte-americana grandes escrúpulos em recorrer aos mais drásticos argumentos. 

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