segunda-feira, agosto 21, 2017

(DIM) Uma Mary nada feliz

Em anos recentes o cinema tailandês tem sido objeto de significativa aceitação graças aos premiados filmes de Apichatpong Weerasethakul, muito embora nenhum deles me tenha grandemente entusiasmado. Ainda assim manifestei a maior das disponibilidades para apreciar este «Mary is happy, Mary is happy» de Nawapol Thamrongrattanarit, quanto mais não seja pela sua diferença em relação ao tipo de propostas cinéfilas, que abundam por aí.
À partida há uma ideia aliciante: acompanhar o quotidiano de uma finalista do curso liceal através dos quatrocentos e tal tweets por ela publicados, embora tornem-se bastante mais relevantes as suas confidências junto de Suri, a amiga mais próxima. Ou os acidentes, que a levam amiúde ao hospital, seja por ingerir cogumelos alucinogénios, seja por receber choques do seu telemóvel de fabrico chinês.
Não nos escapam, igualmente, as dificuldades em concretizar o projeto de criar o Anuário do curso desse ano, garantindo com fotografias, que todas as colegas figurem ali representadas. Mas, porque os problemas amorosos das adolescentes parecem ser tão equivalentes em Banguecoque como em Lisboa, o que passa a centralizar a estória é a frustrada paixão por um rapaz, M., que lhe rejeita o namoro. Mary irá viver dolorosamente esse sentimento de rejeição.
Embora dure duas horas, ao fim de meia toda a novidade já se esgotou sem que nos voltemos a surpreender com o que quer que seja. Nem mesmo com a morte de Suri, só então capaz de deixar escrita a paixão, que sentia pela amiga. O que demonstra a tese de  tanto se desejar o inalcançável, que não se chega a entender o quanto de gratificante poderia obter-se em algo tão ao seu alcance.
No final Mary regressa a casa, com o diploma na mala, mas sem grandes conclusões quanto ao que a seguir irá fazer...


Sem comentários: