sábado, agosto 19, 2017

(AV) A infelicidade dos jovens na obra de Rafael

Entre 1509 e 1510 Rafael desenhou o estudo para o Massacre dos Inocentes, ilustrando nele a capacidade para suscitar a emoção dramática em quem viesse a apreciar a obra final. Nele vemos várias mulheres a tentarem salvar os filhos dos criminosos apostados em matarem-nos. Todos os personagens estão nus e avulta a personagem, que se agarra ao filho contra o peito como forma de o proteger. Mas são muitos outros os detalhes que poderemos apreciar: a expressão chorosa e de boca aberta de uma outra mãe, a criança do centro da composição quase em queda, o desespero de quem se procura afastar dos agressores.
É curiosa a frequência com que Rafael volta ao tema de crianças desprotegidas perante ameaças que as fazem procurem auxílio nos progenitores. Será que o pintor nunca se conseguiu livrar do trauma de ter ficado órfão de mãe aos oito anos e de pai aos onze? Será que as obras artísticas terão servido de paliativo para um sofrimento íntimo que nunca mais o abandonaria?
Não tendo como o provar, podemos ainda assim conjeturar que tal tese poderá fazer algum sentido! 

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