quarta-feira, agosto 23, 2017

(AV) O artista e o seu modelo

Faltam menos de duas semanas para fechar a exposição «Raphael: The Drawings», que está a decorrer no Museu Ashmolean de Oxford. Desconhece-se quando se poderá voltar a apreciar a sumptuosa sensualidade da obra do pintor italiano que, desde muito cedo, cuidou de iluminar a pele das suas personagens como se a luz as acariciasse, suscitando-lhes inequívoca languidez nos olhares. O amadurecimento só o faria incrementar a sugestão sexual dos seus desenhos e pinturas.

Isso mesmo está à vista nos estudos preparatórios para a Villa Farnesina de Agostino Chigi, datados de 1517-1518, em que ilustrou concupiscentes raparigas, com destaque para uma delas de perfil, ajoelhada e a levantar um braço. O giz vermelho foi substituído pelo preto em três localizações precisas a fim de lhes enfatizar o encanto: as axilas, o mamilo direito e os pelos púbicos. Segundo o relato de Vasari o próprio encomendador cuidou de manter a modelo em sua casa durante a criação da obra para que Rafael dela se inebriasse antes, durante e depois das sessões de trabalho, e representasse a paixão inflamada que o animava.

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