sexta-feira, agosto 25, 2017

(AV) Quando Miró trocou Barcelona por Maiorca

No ano em que nasci - 1956 - Miró tomou a decisão de se mudar da cada vez mais trepidante Barcelona para Palma de Maiorca, onde a luz, o mar e o sol prometiam ganhar uma enorme influência na sua obra. Instalar-se na ilha que, na infância, costumava visitar todos os verões a pretexto de passar férias em casa dos avós maternos, fazia todo o sentido, porque adivinhava nada ter ali que inventar. Tudo estava ali diante dos seus olhos para se espraiarem nas suas telas e murais. Ademais não fora ali que desposara o seu amor de infância, Pilar, também ela maiorquina?
Até então, e desde a década de 20, Miró passara por todos os géneros artísticos: do fauvismo saltara para o cubismo e deste para o surrealismo. Ganhara reputação como artista, mas sentia-se insatisfeito com a exiguidade do atelier e da sua imaginação. Por isso decide instalar-se na maior das ilhas Baleares.
Um arquiteto amigo, discípulo de Le Corbusier, desenha-lhe a casa na periferia de palma, abrindo-a para o horizonte marítimo e banhado de luz. O azul do seu famoso tríptico reproduz a cor do espelho líquido com que depara todas as manhãs.
Não muito longe dali também vai até à Catedral onde gosta de se recolher e ouvir, quando as circunstâncias o proporcionam, o som do seu órgão.
Nos anos que se seguirão Miró encontra o seu estilo abstrato e diversifica a paleta das cores nos seus quadros. Terá sido ali que verdadeiramente se encontrou. A exposição que, em breve, poderemos apreciar no Palácio da Ajuda será uma oportunidade única para captarmos algo dessa sua interligação com um espaço, que fez definitivamente seu.

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