domingo, novembro 23, 2014

OLHARES: Retrospetiva de Garry Winogrand em Paris

Numa das principais instituições parisienses destinadas à divulgação da arte contemporânea - a Au Jeu de Paume - está a decorrer uma retrospetiva dedicada ao grande fotógrafo norte-americano Garry Winogrand, que viveu entre 1928 e 1984.
Ainda pouco conhecido na Europa, só a morte prematura - quando ainda tanto havia a fazer para o arquivo e revelação das suas inúmeras fotografias! - explica a importância de o revelar deste lado do Atlântico.
Desde a década de cinquenta até à sua morte, Winogrand quase nunca se separou da sua Leica, sempre que saía de casa e ia cirandar pelas ruas, porque “pretendia saber com o que se pareciam as coisas, quando eram fotografadas”. Assim se tornou num dos mais interessantes cronistas do «american way of life» - otimista e turbulento - do pós-guerra, ombreando com as descrições literárias de Norman Mailer ou com os quadros de Robert Rauschenberg. A revista «Harper’s Bazaar» era um dos principais órgãos de comunicação para que trabalhava.
Quando um cancro o levou aos 56 anos, Winogrand deixou cerca de 250 mil imagens ainda por revelar. Muitas delas, completamente inéditas, estão presentes nesta exposição, que se escusa a uma abordagem temática preferindo a aleatoriedade muito mais fiel ao modo como ele trabalhava.
Os curadores dividiram os trabalhos disponibilizados por três partes, cada uma delas cobrindo uma enorme variedade de temas do agrado do artista.
«Vindo do Bronx» cobre as fotografias captadas em Nova Iorque entre o início da década de 50 até 1971.
«É a América que eu estudo» junta trabalhos realizados no mesmo período, mas obtidos nas suas viagens fora de Nova Iorque.
«Esplendor e declínio» corresponde aos trabalhos do seu período de maior maturidade, quando saiu da sua cidade, para se aventurar pelo Texas, pela Califórnia, Chicago, Washington e outras paisagens urbanas.
Os que o conheceram dão-no como um conversador exuberante, impetuoso e com um sentido de humor contagiante
O filme aqui linkado, datado de 1982, mostra-o em ação em Los Angeles e constitui um documento elucidativo sobre a sua arte.



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