Atento a todas as possibilidades que o Amor entre homem e mulher possibilitava, UTR trata em «Vera Circe» do relacionamento de um narrador com uma italiana de passagem pela capital.
Mas o narrador não se limita a esse papel: é alguém que se invetiva e se interroga a si mesmo como se houvesse no seu âmago algum complexo de culpa pela deslealdade para com a mulher. Para de alguma forma moderar a autocrítica atira alguma responsabilidade para com essa efémera amante, que até no nome de feiticeira parece explicar o deslumbramento em si gerado: “Nunca soubeste muito ao certo quando ela era Vera ou era Circe. Quantas vezes tentaste ir até ao fundo desses grandes olhos cândidos quando pareciam devanear por outros territórios e se tornaram mais escuras as pintinhas que neles havia”. (pág. 73)
Quando ela se despede é como se se fechasse o parêntesis de um entretexto e a normalidade voltasse a caracterizar o curso dos seus dias: “ Nunca foste tão terno com a tua mulher como então. Ias perder a tua Vera deslumbrante de passagem e, incólume, confuso, voltavas inteiro para a tua companheira, pesando todos os vossos acertos e desacertos, todo o tempo amargo-doce que vos unia.” (pág. 73)
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