Homem citadino por excelência, e sobretudo lisboeta bom conhecedor das várias aldeias de que se compunha a capital, UTR nunca deixou de evocar com saudade a memória dos seus tempos de criança passados na herdade alentejana pertencente à família.
É dessas reminiscências, que recupera a ligação afetiva por um cavalo “tão preto, tão preto que parecia azul da cor das noites profundas”.
Em «O Cavalo da Noite» recorda a cumplicidade com o animal, que só por si aceitava ser conduzido e de como ele lhe salvara duas vezes a vida e lhe valera a vitória numa corrida equestre contra o filho de um latifundiário no seu impressionante alazão.
E também o carácter independente do animal, que do nada viera e para lá voltara por duas vezes sem ninguém conseguir adivinhar que tipo de vida era a sua, excluídos os anos em que fora o companheiro privilegiado do narrador, quando criança e jovem adolescente…
Tratar-se-ia de criatura mágica como as das lendas? O autor nem sequer formula essa hipótese, mas também não nos impede de a colocar a nós próprios, sem obter a devida resposta.
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