No último quartel do século XX os cientistas colocavam-se questões tidas por insolúveis: Qual será o futuro do Cosmos? A sua expansão prosseguirá ininterruptamente ou a gravidade acabará por travar esse fenómeno e iniciar outro no sentido inverso - uma contração que se costuma designar por “Big Crunch”?
Para o descobrir formaram-se equipas de astrónomos a fizeram-se medições da desaceleração da expansão com uma “ferramenta” até então inexplorada: as supernovas, ou seja as estrelas que explodiram.
Uma supernova é um estrela que morre numa explosão monumental, causando brilho anormal numa zona do céu. E o curioso é que assemelham-se bastante quando isso sucede: depois dessa intensa luminosidade, apagam-se da mesma maneira.
Explosões cósmicas tão uniformes deveriam servir de balizas muito precisas, que permitiriam esclarecer se, de facto, o universo estava a expandir-se a uma velocidade progressivamente menor.
O problema é que elas são extremamente raras. Pelo que implicou um grande esforço de entreajuda entre os astrónomos de todo o mundo, o recurso aos telescópios mais potentes e a condições meteorológicas e de visibilidade perfeitas.
Para grande surpresa da comunidade científica os resultados obtidos foram muito estranhos, porque, em vez da prevista aceleração, concluiu-se que o universo continuava a acelerar-se na sua expansão. É como se o Espaço tivesse uma enorme elasticidade e recusasse ser comprimido.
Depois de terem testado a fiabilidade dos cálculos os cientistas acabaram por concluir pela existência de algo que amplia o Espaço e neutraliza o efeito da gravidade, fazendo com que as galáxias se vão afastando umas das outras, esticando o próprio “tecido” do Cosmos. Essa substância misteriosa recebeu o nome de «energia negra» e alterou totalmente a nossa perceção sobre o funcionamento do Universo.
A «energia negra» é a principal componente do Universo e desconhecemos do que se trata! Mesmo correspondendo a 70% do total da energia nele existente! Isto significa que essa «energia negra» equivale para o Universo ao que os mares e oceanos representam para o total da Terra e desconhecêssemos o que era a água.
De todas as teorias mais recentes formuladas pela Física - a teoria da relatividade, a mecânica quântica - nenhuma delas conseguia explicar o que é essa «energia negra». E, no entanto, há quase um século Albert Einstein formulou a hipótese de um Espaço ininterruptamente em expansão, que distanciasse cada vez mais as galáxias umas das outras. Embora não lhe tenha chamado «energia negra».
Depois de ter formulado a sua Teoria Geral sobre a Relatividade e a Teoria sobre a Gravitação, Einstein concluiu que o Espaço ou deveria estar em ininterrupta expansão ou em ininterrupta contração. Nunca poderia era encontrar um estado de equilíbrio: exatamente a forma como os cientistas viam o Universo antes de surgida a tese do Big Bang.
Nos seus cálculos Einstein até integrou uma variável correspondente a uma forma de anti-gravidade, que mantivesse o universo estabilizado. Chamou a esse valor a constante cosmológica. Era a única maneira de salvar as suas equações, dando-lhes sentido.
Não se tratava de uma solução muito elegante para conseguir o que ele pretendia: um universo estável. Mas uma dezena de anos depois Edwin Hubble descobriu que, não só o universo não é estático nem que as equações de Einstein careciam daquela constante. O pai da Relatividade reconheceria depois ter-se tratado do seu erro mais grosseiro.
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