Na Staatsgalerie de Estugarda está a decorrer a exposição dedicada a Oskar Schlemmer (1888-1943) intitulada «Visões de um Novo Mundo» e que constitui um verdadeiro acontecimento por ser a primeira retrospetiva do artista organizada nos últimos quarenta anos. Ademais suportada numa análise aprofundada da obra em causa, que revela uma ambivalência em relação à visão de um mundo novo, já que Schlemmer tanto se deixava sugestionar pelas vertentes metafísicas, como aspirava a mudar o mundo artístico. Ele via a arte como uma ferramenta para antecipar a chegada de um mundo novo.
Organizada cronológica e tematicamente, a exposição integra 250 pinturas, aguarelas, desenhos, esculturas, fotografias e os figurinos originais do «Ballet Triadic».
Schlemmer estudara na Academia de Estugarda, mas foi com a estadia em Berlim entre 1911 e 1912, quando conheceu Herwarth Walden e frequentou a galeria «Der Sturm», que se orientou decisivamente para as correntes estéticas vanguardistas.
Em 1921 é nomeado responsável pela escultura em pedra e pela arte mural da Bauhaus, em Weimar, acumulando com a oficina teatral a partir de 1923. Os bailados, que então cria, surpreendem quem a eles assistem pelo guarda-roupa peculiar dos seus intérpretes.
Em 1928 concebe projetos para a Sala da Fonte do Museu Folkwang em Essen. Está mais concentrado na figura atlética, tratada através de formas geométricas abstratas. Cria, nessa ápoca, quadros e murais para a Staatsgalerie, mas tidos como exemplos da arte degenerada, foram removidos da coleção depois de 1933 e nunca mais se lhes conheceu o paradeiro.
Em 1929, Schlemmer muda-se para a Academia de Arte e Artes Aplicadas de Breslau e inicia um período de grande criatividade tendo por temas arquiteturas humanas e ecos de eventos desportivos.
A chegada dos nazis ao poder implica a perda do cargo de professor. As suas obras tornam-se mais sombrias, como se adotasse uma perspetiva distanciada dos temas, que pinta.
Para assegurar a sobrevivência executa pinturas comerciais, só se salientando desse período o mural para uma casa particular em Estugarda em 1940.
A exposição serve de homenagem a um artista visionário relativamente a uma conceção moderna do mundo, que concilia tecnologia e arte, os seres humanos e a civilização, bem como o corpo e a mente. Insuficiente, porém, para resistir à ascensão do totalitarismo nazi.
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