quarta-feira, junho 14, 2017

(S) Quando ir a São Francisco significava experienciar o flower power

Dos muitos périplos cumpridos pelos diversos oceanos, e por quase todos os continentes (faltou-me a Antártida) há cidades, que teria gostado de visitar, mas onde quase por certo nunca porei os pés. Nova Orleães é a que me lembro como a desejada, mas Havana ou São Francisco ocupam os demais lugares no pódio.
Se pudesse complementar a possibilidade de conhecer cada uma delas em data específica, para a qual uma máquina do tempo me pudesse levar, a opção São Francisco encaminhar-me-ia para o ano mágico de 1967, quando a cidade servia de tema à canção de Scott McKenzie e era a sede do movimento hippie.
Não se tratava só dessa canção, porque outros grupos emergiam dali para a notoriedade inerente a uma época de contestação a todos os valores até então vigentes. Inclusivamente os estéticos na vertente musical. Os Jefferson Airplane, os Grateful Dead, os Creedence Clearwater Revival. E também quem cantava a solo (ou quase) como Janis Joplin ou Country Joe.
A universidade de Berkeley era palco de combates intensos pela liberdade de expressão pressagiando revoluções prometedoras, embora a mais incisiva, empreendida pelos Black Panthers, ganhava espaço na vizinha Oackland e viria a ser decisiva na imposição do respeito pelos Direitos Cívicos.
A reação a essa ambiência foi contundente: quando a década seguinte quis ganhar a sua própria banda sonora, fê-lo através dos detestáveis Dead Kennedys, que propunham um punk inaudível.
Hoje, se a viagem se propiciasse, talvez ouvisse alguns ecos de há meio século. Mas a convicção de todos os nossos sonhos virem a ser possíveis perdeu-se nas brumas evanescentes de tal passado.


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