Porque se matou Igor, cuja mãe elogia a Svetlana Alexievich o talento para a poesia? Eis uma questão que « O Fim do Homem Soviético» procura esclarecer.
A família instituíra em casa um sentimento antissoviético, acreditando que poderia prescindir de tudo o resto se lhes fosse dada a liberdade de exprimir os pensamentos e ler tudo quanto costumavam aceder às escondidas.
Seria essa permanente insatisfação com tal viver a transmitir-se ao filho e o incitara a pendurar-se de um cinto na casa de banho?
O pior viria depois: caído o regime as pessoas não ficaram mais felizes do que o eram antes. Pelo contrário: afinal, essas tais liberdades não compensavam o que depois testemunhavam com tristeza: o brutal enriquecimento de uns poucos e a pobreza avassaladora para todos os demais. As fábricas a fecharem uma atrás da outra, mergulhando quem se habituara a emprego seguro a conhecer a angústia do desemprego. E a aprendizagem forçada do capitalismo selvagem no tudo negociar, ou trocar, recorrendo-se em alternativa a biscates e a pequenas trapaças.
No fundo fica a questão: teria Igor sido resiliente neste outro tempo, que os pais tanto tinham almejado? Ou o desespero da própria família ainda mais o teria convencido a decidir-se pelo mesmo desiderato?
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