terça-feira, junho 06, 2017

(DIM) A eternidade e a identidade no cinema de ficção científica

Se há dois temas que a ficção científica gosta de explorar no cinema  é a busca da imortalidade e a troca de identidades dentro de um mesmo corpo. Nesse sentido «Outro/Eu» realizado pelo indiano Tarsem Singh nos estúdios norte-americanos nada acrescenta ao que já se viu anteriormente, porque repete os estereótipos expectáveis nesse tipo de abordagem.
Mas vale a pena questionar porque é tão importante a eternidade para o ser humano ao ponto de tudo almejar para que a vida se lhe prolongue tanto quanto possível. Para parte significativa da população a morte constitui uma assombração rechaçada à custa de crenças religiosas, de ingestão de medicamentos e suplementos vitamínicos ou de operações plásticas. Disfarçar o envelhecimento, empurrar para tão longe quanto possível a sensação de finitude, constituem preocupações de quantos proclamam não lhes bastar uma vida para vivenciarem tudo quanto terão ambicionado.
Para quê? Se tudo nasce, cresce e morre, porque haveríamos de combater essa lei natural?
Pessoalmente só quererei por cá andar enquanto sinta qualidade de vida bastante para sentir cada dia como um festivo bónus a tudo quanto já experienciei. Mas venham as dores de uma doença sem cura ou já não tenha forças bastantes para dominar o uso das pernas, que sentido faria aqui permanecer? Daí que defenda a eutanásia a pedido do próprio sem ter de dar qualquer explicação para tão definitiva solução.
A outra questão abordada no filme ainda é mais absurda: como seria possível retirar a identidade do corpo de alguém e transferi-la para outro invólucro depois de o despojar da anterior? O que somos não só está diretamente relacionado com as circunstâncias passadas, mas também com o corpo que nos carrega? Como aceitar, pois, que alguém passava por tal experiência e sentia-se o mesmo apesar da imagem do espelho refletir outra realidade completamente diferente?
Gosto de filmes alicerçados na ciência, mas quando exageram no barrete, sinto-me ludibriado, Com toda a razão...

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